Sou invadida por uma quase-culpa regularmente. Digo 'quase-culpa' porque não me dói muito na consciência, só uns poucos minutos de reflexão após consumado o ato, e depois passa sem muito disse-me-disse. E regularmente, para ser mais precisa, bem, digo: quase todo fim de semana. E tem sido assim por toda a minha (não tão) longa vida.
O assunto em questão ... hããã, que sono! - é a preguiça que sinto às tardes. Não tenho culpa durante a semana pela simples impossibilidade de tirar aquela soneca deliciosa depois do almoço em dias de trabalho. Mas, no fim de semana, é tiro e queda: um soninho dos deuses depois de almoço é o que há de melhor nesse mundo.
Mas então, você há de dizer, culpa???? Por quê?? Nada mais normal do que uma sonequinha para fazer a digestão. Não no meu caso, caro amigo(a); a minha sonequinha não é 'inha'; é 'ona'. Tenho a capacidade de dormir direto umas três a quatro horas nas tardes de sábado e domingo, acordando quase com o pôr do sol. Agora, então, com meus horários decididamente mais boêmios em função do trabalho, a vida existe de dia, dá um pause à tarde e continua com o põr do sol.
A culpa vem em função das horas teoricamente não vividas. O mundo dos sonhos, por melhor que seja, não inclui uma ida ao cinema, nem uma boa leitura ou uma conversa entre amigos. Pra falar a verdade, os sonhos são bem mais escalafobéticos. Daí que dói (um pouquinho) assim que acordo e percebo que já era, dormi, ih, agora já são quase seis da tarde...
Mas aí, então, me sinto tão renovada e revigorada, cheia de ideias e vontade, que a culpa lentamente se esvazia e não perco tempo com preocupações culposas pós-morfeu. Vai ver que essa coisa de biorritmo tem sua razão de ser... Ou então vou ter que fazer ainda muuuuita acupuntura pra melhorar essa energia de fim de tarde. Hmmm... mas dá uma preguiça!!...
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
sábado, 23 de janeiro de 2010
Conto de elevador
Uma dessas historinhas hilárias e difíceis de acreditar, mas que existem.
Aconteceu ontem. Estava eu muito tranquila esperando o elevador, um desses elevadores modernos, sem botões, que você programa fora e o painel te dá a letra do elevador pra pegar. O meu era o "J". Só pra ter uma ideia, o saguão é redondo, e começa no elevador "A" - uma loucura desnecessária de modernidade.
Já fui eu falando mal do pobre do elevador com o meu provável companheiro de viagem, que aparentemente compartilhava da minha crítica aos superhipermega elevadores de hoje - 'Chato não ter botão dentro pra apertar, né?'. 'É, esquisito mesmo' , ele respondeu. Entramos, por acaso, no mesmo elevador, dentre as várias possibilidades que havia. Bendito acaso!
Começa o papinho de elevador: 'Você é daqui?'. 'Sim'. 'De que departamento?'. Aí meus olhos finalmente vêem a obra prima de Michelangelo parada à minha frente. 'Aah... do quarto andar... E você?'. 'Eu sou do terceiro. Faço cirurgia da mão'... E abre AQUELE sorriso. Se era apenas um sorriso cordial ou não, nunca vou saber, mas naquele momento me senti a musa do carnaval. Abre a porta do elevador e o Adônis sai, sem antes dizer, com aquele olho comprido de quem sabe que pode: 'Quando tiver tempo, passa aqui pra ver...'. Como se fosse para visitar o prédio novo, hahaha. Devia ter dito: 'Passa aqui pra me ver...' Ai ai.
Fui me abanar da experiência inédita quando, de repente, talvez fruto do excesso de energia trocado naqueles instantes, o elevador despenca e pára num tranco. 'Droga! Fiquei presa!' Comecei a rir, sentei no chão pra esperar o socorro, e pensei com os meus botões: 'Que droga... pena que ele não ficou preso aqui comigo'!
Foi o máximo de arrependimento que me deu naquele instante. Coisas da vida.
Aconteceu ontem. Estava eu muito tranquila esperando o elevador, um desses elevadores modernos, sem botões, que você programa fora e o painel te dá a letra do elevador pra pegar. O meu era o "J". Só pra ter uma ideia, o saguão é redondo, e começa no elevador "A" - uma loucura desnecessária de modernidade.
Já fui eu falando mal do pobre do elevador com o meu provável companheiro de viagem, que aparentemente compartilhava da minha crítica aos superhipermega elevadores de hoje - 'Chato não ter botão dentro pra apertar, né?'. 'É, esquisito mesmo' , ele respondeu. Entramos, por acaso, no mesmo elevador, dentre as várias possibilidades que havia. Bendito acaso!
Começa o papinho de elevador: 'Você é daqui?'. 'Sim'. 'De que departamento?'. Aí meus olhos finalmente vêem a obra prima de Michelangelo parada à minha frente. 'Aah... do quarto andar... E você?'. 'Eu sou do terceiro. Faço cirurgia da mão'... E abre AQUELE sorriso. Se era apenas um sorriso cordial ou não, nunca vou saber, mas naquele momento me senti a musa do carnaval. Abre a porta do elevador e o Adônis sai, sem antes dizer, com aquele olho comprido de quem sabe que pode: 'Quando tiver tempo, passa aqui pra ver...'. Como se fosse para visitar o prédio novo, hahaha. Devia ter dito: 'Passa aqui pra me ver...' Ai ai.
Fui me abanar da experiência inédita quando, de repente, talvez fruto do excesso de energia trocado naqueles instantes, o elevador despenca e pára num tranco. 'Droga! Fiquei presa!' Comecei a rir, sentei no chão pra esperar o socorro, e pensei com os meus botões: 'Que droga... pena que ele não ficou preso aqui comigo'!
Foi o máximo de arrependimento que me deu naquele instante. Coisas da vida.
mudança de ares
Pois é, nada como uma boa mudança. Mudança de ares, de estilos e - por que não? - de ideias também. Ando meio com vontade de voltar à prosa, depois de um longo tempo de poesia... nada contra, eu adoro a poesia, a vida é poesia. Mas ando mesmo é com vontade de escrever umas crônicas, histórias e impressões, sem rótulos, o que der na telha, enfim.
Moro agora em São Paulo. Cidade GRANDE. Não que o meu Rio não seja... apenas aqui tudo parece maior, mais sério e um pouco mais cinza. No início senti falta do sol e do brilho de lá. Daí fui aprender que mesmo sem brilho 'de fora' dá pra ter brilho na vida diária, sabe, aquela vontade de fazer coisas e conhecer pessoas. A gente é influenciado pelo meio, óbvio, mas isso não é tudo. Falo isso do ponto de vista de uma pessoa completamente solar e movida à fotossíntese.
Por exemplo: eu odeio insulfilm. Tive que colocar no carro pra me proteger, nesses tempos de perigo iminente em que vivemos, já que volto tarde do trabalho. Nossa, que agonia aquele negrume... a terra parece um hades, sei lá, tudo é escuro e meio aterrorizante. Isso foi logo no início. Eu colocava o som do carro nas alturas e ficava torcendo pra chegar logo no aconchego da minha casa, cheia de luz. Aí, como tudo na vida, fui me acostumando... Aliás, melhor ainda - a experiência diária do escuro e da noite me fez perceber nuances que eu nunca tinha prestado atenção. As luzes azuis piscando nas árvores da Av. 9 de julho no Natal parecendo saídas direto de um conto de fadas... As árvores dormindo, ao sabor do vento, as luzes dos "faróis" (sinais para os cariocas!) brilhando na tela escura, as estrelas pipocando ao passar por um ou outro arranha-céu quando o céu está mais limpo. As nuvens de tempestade - e como anda chovendo por aqui! - parecem abrir alas para Poseidon emergir a qualquer instante ... ainda que não tenha mar por aqui, só se forem as águas das enchentes (rs!) . Mas uma coisa imponente, meio mítica mesmo! O gordinho do sinal que vende chiclete, que me recebe sempre com um sorriso e agradece porque eu abaixo o vidro só pra dizer oi.
Enfim, aquela sensação de descanso e lentidão que a noite durante a semana traz, de um recolhimento necessário, da cama quentinha que está próxima, daquele lanche bem tarde vendo uma porcaria qualquer na televisão mas que dá "hummm, que gostoso esse sanduba" sem ter que me preocupar em acordar cedo amanhã de manhã. Pois é. Há vantagens por aqui. Agora que aprendi que não preciso me maquiar nem andar de salto alto pra trabalhar (Ufa!) e que à noite os gatos são pardos mas muito interessantes também, a coisa tá ficando bem melhor.
E a história continua...
Moro agora em São Paulo. Cidade GRANDE. Não que o meu Rio não seja... apenas aqui tudo parece maior, mais sério e um pouco mais cinza. No início senti falta do sol e do brilho de lá. Daí fui aprender que mesmo sem brilho 'de fora' dá pra ter brilho na vida diária, sabe, aquela vontade de fazer coisas e conhecer pessoas. A gente é influenciado pelo meio, óbvio, mas isso não é tudo. Falo isso do ponto de vista de uma pessoa completamente solar e movida à fotossíntese.
Por exemplo: eu odeio insulfilm. Tive que colocar no carro pra me proteger, nesses tempos de perigo iminente em que vivemos, já que volto tarde do trabalho. Nossa, que agonia aquele negrume... a terra parece um hades, sei lá, tudo é escuro e meio aterrorizante. Isso foi logo no início. Eu colocava o som do carro nas alturas e ficava torcendo pra chegar logo no aconchego da minha casa, cheia de luz. Aí, como tudo na vida, fui me acostumando... Aliás, melhor ainda - a experiência diária do escuro e da noite me fez perceber nuances que eu nunca tinha prestado atenção. As luzes azuis piscando nas árvores da Av. 9 de julho no Natal parecendo saídas direto de um conto de fadas... As árvores dormindo, ao sabor do vento, as luzes dos "faróis" (sinais para os cariocas!) brilhando na tela escura, as estrelas pipocando ao passar por um ou outro arranha-céu quando o céu está mais limpo. As nuvens de tempestade - e como anda chovendo por aqui! - parecem abrir alas para Poseidon emergir a qualquer instante ... ainda que não tenha mar por aqui, só se forem as águas das enchentes (rs!) . Mas uma coisa imponente, meio mítica mesmo! O gordinho do sinal que vende chiclete, que me recebe sempre com um sorriso e agradece porque eu abaixo o vidro só pra dizer oi.
Enfim, aquela sensação de descanso e lentidão que a noite durante a semana traz, de um recolhimento necessário, da cama quentinha que está próxima, daquele lanche bem tarde vendo uma porcaria qualquer na televisão mas que dá "hummm, que gostoso esse sanduba" sem ter que me preocupar em acordar cedo amanhã de manhã. Pois é. Há vantagens por aqui. Agora que aprendi que não preciso me maquiar nem andar de salto alto pra trabalhar (Ufa!) e que à noite os gatos são pardos mas muito interessantes também, a coisa tá ficando bem melhor.
E a história continua...
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
impressões
Minhas preocupações no momento são metafísicas -
a essência do ser, de Deus e do Amor
-- enquanto isso, segue mais um dia de luz
e azul,
permeado de alguma chuva
(que esmaece meus sentimentos,
que logo retornam intensos,
na ânsia de respostas e serenidade)
O desejo aplacado serenou,
não sem a lembrança terna,
ah, essa a única sentida como real,
ainda que ilusória visto que passa pelos sentidos,
mas essência de mim tanto quanto meu próprio corpo --
Apenas pacifico o que resta de mim, adiante,
sabendo que tudo agrega, e conduz,
numa rede infinita de encontros e desencontros;
Não mais considero cinza ou tristeza
percebo nuances absolutamente novas
e , hum, indescritíveis.
Ao passado: todo o meu amor -
e ao futuro: todo o meu amor também.
a essência do ser, de Deus e do Amor
-- enquanto isso, segue mais um dia de luz
e azul,
permeado de alguma chuva
(que esmaece meus sentimentos,
que logo retornam intensos,
na ânsia de respostas e serenidade)
O desejo aplacado serenou,
não sem a lembrança terna,
ah, essa a única sentida como real,
ainda que ilusória visto que passa pelos sentidos,
mas essência de mim tanto quanto meu próprio corpo --
Apenas pacifico o que resta de mim, adiante,
sabendo que tudo agrega, e conduz,
numa rede infinita de encontros e desencontros;
Não mais considero cinza ou tristeza
percebo nuances absolutamente novas
e , hum, indescritíveis.
Ao passado: todo o meu amor -
e ao futuro: todo o meu amor também.
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