Uma dessas historinhas hilárias e difíceis de acreditar, mas que existem.
Aconteceu ontem. Estava eu muito tranquila esperando o elevador, um desses elevadores modernos, sem botões, que você programa fora e o painel te dá a letra do elevador pra pegar. O meu era o "J". Só pra ter uma ideia, o saguão é redondo, e começa no elevador "A" - uma loucura desnecessária de modernidade.
Já fui eu falando mal do pobre do elevador com o meu provável companheiro de viagem, que aparentemente compartilhava da minha crítica aos superhipermega elevadores de hoje - 'Chato não ter botão dentro pra apertar, né?'. 'É, esquisito mesmo' , ele respondeu. Entramos, por acaso, no mesmo elevador, dentre as várias possibilidades que havia. Bendito acaso!
Começa o papinho de elevador: 'Você é daqui?'. 'Sim'. 'De que departamento?'. Aí meus olhos finalmente vêem a obra prima de Michelangelo parada à minha frente. 'Aah... do quarto andar... E você?'. 'Eu sou do terceiro. Faço cirurgia da mão'... E abre AQUELE sorriso. Se era apenas um sorriso cordial ou não, nunca vou saber, mas naquele momento me senti a musa do carnaval. Abre a porta do elevador e o Adônis sai, sem antes dizer, com aquele olho comprido de quem sabe que pode: 'Quando tiver tempo, passa aqui pra ver...'. Como se fosse para visitar o prédio novo, hahaha. Devia ter dito: 'Passa aqui pra me ver...' Ai ai.
Fui me abanar da experiência inédita quando, de repente, talvez fruto do excesso de energia trocado naqueles instantes, o elevador despenca e pára num tranco. 'Droga! Fiquei presa!' Comecei a rir, sentei no chão pra esperar o socorro, e pensei com os meus botões: 'Que droga... pena que ele não ficou preso aqui comigo'!
Foi o máximo de arrependimento que me deu naquele instante. Coisas da vida.
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2 comentários:
love in the open air às avessas
Maravilhosa experiência, sobretudo pelo entrave do "virtual" elevador.
Em questão de minutos (creio) várias paragens ao mesmo tempo.
Com sagacidade escreveste deliciosamente.
Carinhoso abraço.
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