sábado, 29 de novembro de 2008

III. Rondó

Pele alva, lisa,
desliza, macia,
carícia, na minha
pele, na tua,
flutua, insinua
o beijo, o desejo,
ensejo de encontro,
tão longo que ponho
meu sonho com o teu.
Me enfronho
em teu sono,
pele alva, veludo,
tão logo desnudo
tua pele na minha,
tão alva, macia,
e aprecio
meu sonho,
compondo
a delícia
sem fim.

Sim.

Recomeço, o começo,
sem preço, o querer,
de te ter, o prazer
sem poder,
só entrega,
renega, macia,
a utopia, a idéia,
não nega o nome,
que some em
sussurro,
pois mudo,
eu transmuto
o som em soneto,
sem medo me dou
em um beijo
macio, arredio,
e então, se
vou, se me dou,
eu sou melodia,
um dia,

Enfim.
II. Bruma

Do alto da pedra, vi
o verde do musgo; e ri
da sede do mar. Ouvi
o murmúrio risonho da onda.

Burburinho brilhante, que
acaricia a fronte - e se
no sol me embalei, senti
levar-me no sonho que ronda.

O beijo molhado, em ti
me dei ao acaso; vivi
o amor do momento. Sorri
feliz, sem me dar conta.

Trilogia

Estes são três poemas que escrevi em diferentes momentos de um dia simples de trabalho. Pensei inicialmente em chamá-los de Trilogia das cores, pois evocavam diferentes cores, cada um com sua emoção; depois reconheci formas; por fim, música; e, finalmente, cheguei à conclusão a) que sou, definitivamente, visual e cinestésica; e b) que talvez fosse melhor deixar o título em aberto simplesmente como Trilogia, para deixar o leitor sentir o que lhe vier à cabeça, sem nenhum tipo de sugestão.

I. Espada

Corta, crua, a carne,
com teu corte tenaz,
encerra cruz, escárnio,
a morte que te satisfaz.

Leva, longe, que sabes
a crueza de que és capaz,
leva o tosco e a tormenta e
a dor que a ausência traz.

Causas incômodo, conquanto
mais conta de ti se dão
os corpos que tombam, tontos,
desafiados por teu quinhão.

Carrega-os; colhe e ceifa
a vida do tolo - Apaga
Em contínua e infame colheita
de almas desfeitas em nada.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Children's tale I

Alice in Wonderland

Colourful gnomes pop up in the glow,
behind dancing daisies, displaying in a row
cheerfully around her, as a merry-go-round.

While soft spinning clouds blink from above
at her, little soul, pretending to know
all the answers to problems there might be to solve.

Then, lost in wonder, she gazes up in great awe,
to see her soul soar and then plummet to shore,
with loosened strings, she delightfully ignores

Any ties, any fears, any hopes or decay,
eyes wide open, in stillness - a smile on her face,
she suddenly sees all the wonders to embrace.

Was it a dream, a film, or a scene?,
nobody will ever know what it meant
nor how real her weird trip could ever have been,

'cause on her way home, to mom and her fare,
helped by the cat, the hatter and the hare,
she found Wonderland had always been there.

C'alma

Calma.
Muita calma nessa hora.
Calma que a calmaria
chegou,
sem pressa...

Ainda bem.

Calmante,
ela chegou
serena,
insidiosa,
sem - quase -
ninguém perceber.

A Alma
acalmou.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Diálogo - versão II

(Ainda brigo com o blog. Quis melhorar a última versão, e, quando vi, estava fazendo uma nova postagem; que seja. Fica como nas pinturas e esculturas, variação de um mesmo tema...).

Meu arquétipo procurou o seu hoje pra trocar umas idéias. Disse que pras bandas de lá andava meio escuro, meio chuvoso, não sabia bem por onde andava a sombra dele, enfim...Na verdade, o seu estava mais era pra persona, vestido de toga, um grego poderoso!, e não deu muita bola, não, entretido que estava com um casalzinho que trocava beijos entusiasmados numa esquina qualquer. Depois de muito cutucá-lo, meu arquétipo perdeu a paciência: “Qual é? Vai continuar me ignorando?”. O outro arquétipo, então, se virou, tirou a linda máscara de porcelana que usava desde a última festa no Olimpo e disse, sério: “Pera lá, tenho mais o que fazer. Procuro uma razão, tanto quanto você”.



(...)

Diálogo

Meu arquétipo procurou o seu hoje pra trocar umas idéias. Disse que lá pra suas bandas andava meio escuro, meio chuvoso, não sabia bem por onde andava a sua sombra, enfim...Na verdade, o seu estava mais era pra persona, meio vestido de toga, um grego poderoso!, e não deu muita bola, não, entretido que estava com um casalzinho que trocava beijos entusiasmados numa esquina qualquer. Depois de muito cutucá-lo, meu arquétipo perdeu a paciência: “Qual é? Vai continuar me ignorando?”. Seu arquétipo, então, se virou, tirou a linda máscara de porcelana que usava desde a última festa no Olimpo e disse, na maior cara de pau: “Pera lá, tenho mais o que fazer. Procuro uma razão, tanto quanto você”.

(...)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Final Act

Sorrio... Meu suspiro voltou. E meu suspiro vai poder ir comigo.
Veremos a pedra, o mar, a serra, o sol, a planta, a música, a letra, a peça, a travessa, a poesia.
Linda viagem!
Grandes pessoas.

Réquiem ao último (falso) soneto

Aqui jaz um soneto, o derradeiro,
Aquele que nasce de uma dor recriada
Que parte ligeiro após breve parada
Na mente inquieta de um vôo primeiro.

Já vai tarde, nos dizem os sábios,
Pois que aqui não sabe o que faz;
Se propôs muito além do demais,
Quando a métrica feriu com seus lábios.

Contudo, se ainda conosco esteve,
A um propósito mais honrado servia
Pois que o mágico lhe trouxe ao plano.

Nobre ensaio, este algum mérito teve,
Pela dádiva única de total maestria
Com que fez do vazio um nada menos insano.

Ser poeta

Reafirmo: ser poeta não é para qualquer um! Que celeuma improdutiva. Tantos tentam, como eu, mas não são bons... apenas tentam... O que não diminui o esforço, menos ainda o prazer e a dor de tentar. Que se danem os democráticos: expressar o que vai à alma e expor-se não é tão fácil assim, nem deve ser banalizado. Ser poeta de verdade é olhar pra dentro, indagar-se, olhar para fora, admirar-se, reinventar o que já foi dito ou pensado, ter um novo olhar, surpreender-se, enfim, um exercício fascinante. Ou que seja na forma somente, exercício estético, quem se importa? Alguém discorda (disso também)?

domingo, 23 de novembro de 2008

Onde

Onde estão a leveza,
a brisa, a sutileza
que me acompanham?

Onde foi parar a harmonia
E o calor gentil
do sol do Arpoador?

Onde fui buscar
a fonte e a riqueza;
o Amor e a grandeza...

- Em fontes que me estranham?

- Ou em solo protetor...

Vou buscar inspiração
em embalos espirituais,
em contatos ancestrais,
em projetos ensaiados,
nos deveres encetados,
nas certezas já despidas,
na Nudez estremecida...

...ou em falso provedor?

Melhor seria, como tanto
procurar, meu breve encanto
para, então, seguir em frente...
E assim, mui gentilmente,
tornar à brisa e ao luar,
surgir num leve despertar...
E nunca mais eu sentir dor.

Sobre o saber

No vazio que não sou
propus não te saber
como saber se ainda não sei
pouco do que devera ser?

Sem saber o que te dou
dou-te um nonsense qualquer
sem sentido, sem querer
faço-te injusto não saber.

Sinto, pois, se não lhe vou
desculpe-me a falta de saber
pois imperfeito, faz-me crer
sou também, e todo o ser.

Just wa(o)ndering

Viajando por aí em pensamento, passei por uns lugares mais lindos, janelas de mim mesma que eu não conhecia... lindas perspectivas do vir a ser, do que sou e já fui. Mas encontrei umas pedrinhas que pediram para serem jogadas fora, pois estavam no caminho; estas que são piores do que cutão, a gente não vê e pisa e ah! como dói, dá vontade de xingar as últimas gerações de quem inventou o reino mineral.

Pois bem:
Pedra minúscula: Và à M!!!! por todas as vezes e a todos que quis dizer e não disse, quando quis (me) proteger (de) algo que nunca precisou ser protegido (talvez apenas de mim mesma?!);
Pedra maior: porque não sei o que te vai à alma? ler hieroglifos, tarô ou runas provavelmente não me traria as respostas... e como se fosse preciso ou bom saber, provavelmente não, mas isso eu também não sei;
Grande, grande pedra: porque também não foi você mesma? aha! essa culpa de ter sido talvez tão desejosa de perfeição, imperfeita vaidade... No fundo não somos todos tão diferentes, apenas espectros de um raio de luz em diferentes vibrações. (Muito legal essa teoria das cores).
Pedra maior de todas, quase obstáculo intransponível: é tão simples dizer não? (...)
Olho pela janela, vejo a cena e penso que não é preciso encontrar a resposta.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Falta

Fal
ta
um
ped
Aço
de
mi
m.


Me
le
va


Fi
cou
co
m
Vo
cê.


?
...

Vôo

Meu suspiro nas nuvens se perdeu
levado em brisa fresca, na leveza
do alto azul, foi imerso em grandeza...
Lindo, longe, lentamente se deu.

Mas o sonho não era, sonhado fora,
e já não lhe tinha!, pensava então.
Sincero, sensato, em plena razão
Ouviu em seu tempo a voz vindoura.

Ouviu-a, tomou-a, sentiu-a ferir,
Vivendo o momento e a dor de então,
Ora sim, ora não - eram só nuvens...

Limpou, então, de si as ferrugens
Abriu-se ao mundo sem breve senão -
O suspiro partiu em busca de si.

Tempo ainda

A chuva passou.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Tempo

Tá passando. acho que vou conseguir acordar.
pena que essa chuva não passa...
vou dar um tempo de mim mesma agora, e descansar...
Dormi algumas horas, mas não dormi, continuo como em dia, assombrada por pesadelos. Sofro.

Sono (II)

Já é madrugada e não consigo dormir. Meus pensamentos estão meio em desordem... emoções em desordem, faxina total. uau, é estranho, como se pode perder assim tão fácil, eu que acreditava tanto no poder da calmaria. nada como um bom cansaço para quebrar paradigmas... o mais próximo que cheguei das bolinhas (!). bom, ainda espero que ela venha depois da tempestade, quando então poderei ver os estragos e avaliar os consertos. aos queridos, portanto, paciência... coisas grandes estão por vir. grandes não; espero, simplesmente boas.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Sono

Cansei.
Simplesmente cansei.
Cansei de tentar,
de me abrir,
me entregar,
de mexer em feridas.


Cansei.


Sou flor meio frágil
para tamanho exercício.
talvez,
por não ser da mesma espécie,
por não ter 'poeta' impresso em mim,
como um brinquedo made in china,
talvez por isso
eu fique me debatendo,
num exercício torturante
e sem chão.

Eu não mereço.

Sempre procurei o sol.

Sempre busquei a verdade,
mesmo que tantas vezes tenha sido incapaz
de dizê-la plenamente
por pura falta de coragem.

Mas eu fui real,
senti de verdade,
me entreguei em minha incoerência.
não tive restrições ou limites.
totalmente aberta.
me transformei, também.

É, mas agora, ah, eu cansei pra valer.
Que pena.
Queria que o sol tivesse
brilhado mais tempo.
Em vez dessa chuva,
droga,
que mais do que nunca,
escorre fria.

Mas o verão vem por aí.
Os poetas continuam com seus amores,
com suas buscas,
e suas dores.
Quanto a mim,
vou limpar cada lágrima,
equilibrar cada dúvida,
e me botar de pé de novo.

Flor

Últimos pensamentos do dia, por uma idéia que ouvi:

- Amor não se toma; se entrega.
E é encontro, posto que não pode ser preso.

Acrescento ainda:
-Sofrimento é parte e não fim.

Ahh...cansei por hoje.
Mas... que alívio.

Gabi

Conheci a Gabi não faz muito tempo, há uns 8 meses, eu acho. De cara eu gostei dela: descolada, segura, desse tipo que não tá nem aí pro que você acha ou deixa de achar... Nem é tão bonita assim, mas nem precisa; seu charme implacável não deixa pedra sobre pedra. Ou pelo menos assim me parece; quando ela anda na rua, não tem pra ninguém (muito menos pra mim...). É meio punk ser amiga de uma pessoa assim, tão resolvida, mas enfim, nós, reles mortais, precisamos de uma inspiração de vez em quando... Pois é. Ela sumiu, faz um tempo que não a vejo, tô com saudade, será que ela tá bem?
Pois eu não.
Tô precisando de você, amiga.
Aparece no meu espelho quando tiver um tempinho.
incrível... nesse momento me sinto tão profunda quanto uma poça d'água. só rindo.

Coisas pra (não) dizer a um amor

Dias delirantes, mente inquieta - cansa!...

Talvez eu me sentisse insuficiente pra você,
mas me vi boa pra mim -
assim mesmo, sem saber exatamente como.
Portanto, não tenha medo de se decepcionar,
ou de me decepcionar,
pois isso já não cabe mais.
Somos dois perdidos simplesmente à procura.
Se nos achamos,
que bom!, ou não; pois
em nos perdermos é que nos encontramos.

Aliás, costumo perder o meu eixo
no Teu.
Ironicamente, é numa reta meio curva
que termina em mim,
cordinha boba,
onde encontro o caminho de volta.
Também pudera.

Bom, há outros detalhes...
Meu estar é meio “instar”,
mas sou assim mesmo,
feita de material corruptível,
e talvez seja esse um pouco do meu
charme ensolarado.

Eu também vôo demais,
geralmente na maionese,
mas às vezes por lugares
irresistivelmente
fantásticos...
Flores de chocolate nos meus sonhos,
beijos de chocolate nos meus dias.

Hmmmm.

Ah, é: dá pra ver
sou meio chocólatra...
ninguém é perfeito.
(Só o chocolate suíço,
Ou, melhor, o suíço que fez o primeiro chocolate.
Grande pessoa.)

Impressiona como sou bem simples
pra entender algumas coisas
E totalmente obtusa pra outras.
(Tst tsc.)
Mas veja bem: sou talentosa com as mãos
(sem trocadilhos aqui),
sei cozinhar algumas coisinhas,
meu QI é bem razoável,
E não tenho a menor vergonha de dizer que te amo.
estou meio cansada dessas reflexões (im)pe(n)sadas... vou voltar pro lado bom da força: vai ter sol esse fim de semana?

sobre o morrer

Que dramático... morrer, suprimir, deletar, esvaziar, apagar, refazer?, não ser. Não creio que se possa, pelo menos voluntariamente; que fosse ao menos simbólico... morrer de vergonha, morrer de amor, morrer de ciúme, morrer de rir. Há várias formas de morrer, creio, todas elas puramente fantasiosas, inacreditavelmente reais pra mim. Como se eu tivesse escolha. Talvez?

sobre o matar

Oi, agora, nesse exato instante, estou te matando com palavras. não pode ser de outro jeito. não posso te atingir porque não te conheço, mas te conheço tanto e tão de perto que você me aborrece. te matei agora, do jeito que eu consegui, e morrendo de vergonha. preciso de sol. morri um pouco agora.

Procura

Verdade, que dirá de mim, tão pobre
ser que te vislumbra ao longe, irreal
Por menos lutaria causa nobre
Pudera eu, por fim, ser-te leal.

Pois ao te procurar, em mim, ou fora
Responde-me, com clara e alta voz
‘Como desejas buscar-me, se agora
acabas de ferir-me em ato atroz?’

Triste, sigo o traço tênue que resta
Àquele cuja falta triste faz,
Vazia sigo, só, sem despertar.

Esperança há que um dia, uma fresta
de fresca brisa, lampejo fugaz
há de guiar-me em fiel caminhar.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Coisas pra se ouvir ao pé do ouvido

(Sugestões meramente pessoais; nenhum resultado garantido. )


Ah, como você é doce! - sem se referir, necessariamente, à personalidade do objeto do comentário.

Lovesupremelovesupremelovesupremelovesupreme... feito mantra, ao som do John Coltrane em delírio.

'Après tout, pourquoi pas?' pois nada melhor do que pensar assim para não ter que pensar mais em nada.

Girantes

Em noite qualquer, de um beijo singelo
nascia o grão de um desejo impensado
Ressurgido na crença no sim e no belo
no amar sem não, sem se, sem enfado.

Arfantes amantes, corpos girantes
na busca, seguem em sôfrega entrega
Se dão e se vão, se deixam instantes,
e voltam; e assim, se amam sem trégua.

Giram loucos, irrestritos, sem tempo
ou espaço, tal o laço da força que os une,
do beijo doce à suprema carícia.

Deslizam, eles dançam em delícia,
e ardentes, por fim alcançam o cume;
Largando-se, então, em puro contento.

Poemas de amor

Li poemas irados hoje, sobre amores perdidos e nunca achados, idealizados, alguns vividos, outros cheios de possibilidades passadas. Tristes, cruéis mesmo, mas lindos. Será que sofrer por amor é uma necessidade da alma humana? Sei lá. Não quero sofrer... mas sofro... e gosto... de amar.

domingo, 16 de novembro de 2008

A nós dois

(Algumas vezes falei mal dos 'poemas reativos'. cuspi pra cima... eles podem ser tão verdadeiros.)

Era uma vez um casal que se amava,
jovens ingênuos se davam inteiros,
Amavam o amor - o alvo primeiro,
E, assim, o que a vida a eles traçava.

Amavam-se muito, de beijo, de alma,
Nada temiam, em meio ao lençol,
E riam acolhidos na pedra do sol,
Mantinham-se, assim, unidos na calma.

Até que a vida lhes desfez a teia
E o laço que unia grilhão se tornou
Feridos, sofreram a dor do querer

Contudo, o riso e o amor que o permeia,
qual sol que no alto da pedra brilhou,
Lhes trouxe a beleza do transcender.

Preciso enfrentar os meus cupins

Deu cupim na minha casa. De novo. Aliás, é a terceira vez; numa casa antiga, há alguns anos, também tinha dado cupim - um nojo só.
Bichinhos sórdidos, infames, esses - apropriam-se da propriedade alheia na maior cara de pau. Eu não os convidei, não gosto deles, me causam pesadelos, mas bof! - não saem de lá, não largam o osso. pensei se eles não são uma alegoria de mim mesma... trago os meus cupins comigo, pra onde eu vou. E eles me comem por dentro, aquilo que não quero nem permito, mas que não sai de lá, meus medos e minhas máscaras... se entranham e emergem vez por outra, ah esses cupins da alma, acho que esses são ainda piores. Ontem eu resolvi: vou enfrentar os meus cupins. Mais uma vez.

A poesia em mim

Um dia achei que não tinha poesia em mim.
Um vazio atroz, uma falta de insight,
Um achar que se é,
Sem nada ser.
Achava que sabia sentir.

Bobagem.

Só achava que sabia,
Como sempre que acho que sei tudo,
Como se saber qualquer coisa
Pudesse me definir.

Eu não sei de nada.

Não sei o que vai dentro de mim,
ou de você,
nem quero mais saber,
isso não mais importa,
se chove sob (mim) ou sobre você,
pra mim tanto faz
sinto apenas que chove,
chove!!!!,
escorre, fria,
esvazia...
me toca. me transforma.
O resto, apenas interpreto,
ou tento entender.
Ilusão!!!!! Vã ilusão!!!!

Pra quê entender?

Não basta sentir?

Queria ter sido mais humilde e ter apenas
sentido mais e pensado menos.

Sentir com desapego,
Sentir fundo,
Sem regras,
fórmulas
ou intenções dissimuladas,
sentir e se admirar do sentir
mesmo sem um objeto.

Sentir pode ser intransitivo – apenas sentir...
(vaga lembrança... sorriso...
Linda idéia que também nunca foi minha.)

Acho que isso é o mais próximo
Que sinto, agora,
da poesia que há em mim.

sábado, 15 de novembro de 2008

Sei muito pouco de muita coisa. Que m. Queria... ter lido tanto mais, feito tanto mais, vivido tanto mais... Mas. É... Ainda é tempo.

Cerração

Surgiu da névoa, pós-período de sombra
uma nesga de sol, qual cerração na montanha
Perspontando suave, brilhando, tamanha
Dor – apagada, que no brilho remonta.

Suspiro que assume forma de nuvem,
Brincando criança em suaves matizes
Cerúleas, magenta, traços felizes,
Repletos que são da esperança que nutrem.

Delicada terra fecunda o acolhe
Enquanto adormece à luz do infinito
O suspiro o embala e seduz; a beleza

Renova a terra, e da planta colhe
O fruto do amor outrora cativo
Que transforma em força o que era tristeza.