terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Gris

As tulipas estão sem pé.
A terra está sem adubo.

Não se sustentam.

O vazio é grande,
e a falta é imensa;
e me toma por inteiro,
e me estreita a vista,
e me torna um tempo instável,
com breves períodos de sol
entre muitas nuvens,
diz o oráculo.

Sinto-me um buraco negro
implodindo em matéria densa.
Elétrons com spins dissonantes
atordoados pela falta,
desmagnetizados,
desenergizados,
à deriva dos potenciais,
à deriva dos campos,
à deriva nas ruas,
à deriva dos lábios,
à deriva do sol.

3 comentários:

fabiana disse...

Subtítulo: lamento de um romântico amargurado!!! será que estaria rabiscado, à lápis, num livro puído de couro?...

Unknown disse...

Amiga adorei tudo! As favoritas do Neruda, o Klint, e as poesias, tanto em português, quanto em inglês, muito lindas. Elas tem a graça das verdades não totamente reveladas, das falas subentendidas e subliminares, seguidas de verdades simples, e não padecem da doença de algumas poesias,ditas do tipo "cult", onde tudo é tão hermético que nada fala ao coração..., são poesias para mente...

fabiana disse...

obrigada pelo comentário!