quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mis - considerações lingüisticas.

Adoro esse prefixo do inglês -mis: 'falta de', 'erro', 'distorção', traduzido para o português como 'mal'. Misinterpretation, misunderstanding, mishearing, misshaped: algo que saiu diferente da intenção inicial do interlocutor. Também remete ao 'mis' do francês, passado do verbo colocar (mettre), que traz uma idéia de 'foi colocado', 'já foi feito', ou, melhor dizendo, 'já era'. Então, em resumo, seria algo que foi feito, que não era a intenção, mas que surtiu um efeito colateral e pronto.

Há tantas coisas que saem em mis na vida, (in)felizmente, obviamente porque não há dois seres humanos iguais; logo sempre haverá lugar para esse tipo de fenômeno. Como uma posição errada no espaço: nem cis nem trans, mas mis. Engraçado, ainda, é que a sonoridade de 'mis' é algo delicada, quase um eufemismo considerando-se a história toda, especialmente comparadas às conseqüências nem sempre tão delicadas da distorção. Hum. Pelo menos a palavra pode trazer delicadeza para alguns assuntos que, por sua vez, podem ser bem delicados.

Talvez fosse interessante importar o prefixo puro, para quando algo sair um pouco diferente do que se pretendia, em vez de 'pôxa' ou outros vernáculos menos singelos (ainda que honestos), mandar-se um sonoro "MIS!"... Talvez o ouvinte sofresse menos as conseqüências desse último comentário, o que poderá ter ocorrido com o objeto que originou a incompreensão (caso não se carregue demais na entonação, a qual pode expressar mais do que mil palavras). Ou ainda, se o ouvinte conhecer o prefixo, poderia intuir que houve um ruído na comunicação... Ou, ainda, neurolingüisticamente falando, talvez pudesse ajudar a reprogramar a mente para enviar uma mensagem mais apropriada da próxima vez.

N.A: Apesar destas elocubrações lingüísticas serem absurdas e algo fora de propósito neste blog, não deixam de ser interessantes, contanto que não sejam misinterpretadas - perdão pelo anglicismo!

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