Another year over
we must make a balance,
people say
we must keep to the present,
people preach
we must keep our minds open,
people wish
so why not
use the perfect aspect,
grammar-wise,
a look back and
a future glance
with feet right here
and right now:
I've had a few moments
(!)
a few loves
a few melting kisses
and a few losses
I've learned to see with my
new pair of eyes
straightly connected to my fingers
- which means, according
to the tense,
that I am still learning;
I've discovered a bunch
of nice guys
who wrote loads of things
I wanna dive in and
get lost for good
and already am
I've definitely made some progress.
As of the future,
I will have loved some more
maybe found a few more
mouths to kiss
and souls to trespass
surely I will have eaten more green
and possibly become greener
just because I will have wanted to
and not because I sympathise
with the flowers
Finally
I will have exercised and
baked under the sun
so that my seeds will have
grown inside,
be it in my own planet
and conditions
or not
- I will have decided
on that too, ha ha
Time has been and will
have been perfect,
just as my imperfections
have made me more real
[Happy new year.]
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Sobre espaço, tempo e travesseiros
Ignoro as razões sublimes
e desfaço meus caminhos
na dúvida de
qual esquina
não tenho mapa.
se as placas não me guiam
enfim, terei de seguir
sem elas
mesmo correndo
o risco de me
perder
definitivamente
eu não conheço esses
caminhos
e meus olhos estão
velados
porque não servem mais
sigo em branco e cinza
como um daltônico
em busca de
alguma cor
*
Intermezzo
Quando as taças se esvaziam
e a música já não toca
seja rápido
blow the whistle
traga a bola para o meio de campo
e durma bem a sua ressaca
antes que o silêncio
se torne você -
o pior porre é se
embriagar de
silêncio
*
Alguns travesseiros depois,
verdades inegáveis da física:
o espaço pode ser contornável
[ainda que meus caminhos não sejam óbvios];
e o tempo,
relativo em situações específicas;
mas na equação espaço/tempo
ele é invariavelmente
intransponível:
- é impossível dirigir-se
uma estrada inteira
em marcha-ré.
e desfaço meus caminhos
na dúvida de
qual esquina
não tenho mapa.
se as placas não me guiam
enfim, terei de seguir
sem elas
mesmo correndo
o risco de me
perder
definitivamente
eu não conheço esses
caminhos
e meus olhos estão
velados
porque não servem mais
sigo em branco e cinza
como um daltônico
em busca de
alguma cor
*
Intermezzo
Quando as taças se esvaziam
e a música já não toca
seja rápido
blow the whistle
traga a bola para o meio de campo
e durma bem a sua ressaca
antes que o silêncio
se torne você -
o pior porre é se
embriagar de
silêncio
*
Alguns travesseiros depois,
verdades inegáveis da física:
o espaço pode ser contornável
[ainda que meus caminhos não sejam óbvios];
e o tempo,
relativo em situações específicas;
mas na equação espaço/tempo
ele é invariavelmente
intransponível:
- é impossível dirigir-se
uma estrada inteira
em marcha-ré.
Noturno de Pomander Lane
Adormeço aqui
quatro luzes espaciais
no meu teto
viajo em pensamento
nessas naves foscas
de luz âmbar
viram histórias
- viram poemas
- viram lembranças
e viram olheiras
e bocejos no café,
e histórias que ainda não são
mas podem ser -
sugestões adoráveis
de noites mal
dormidas
! ah,
[enfática e reticente]
os outros quartos não devem
ter passe livre pra viajar com
direito a tema do dia e
estrelas pipocando
na retina.
quatro luzes espaciais
no meu teto
viajo em pensamento
nessas naves foscas
de luz âmbar
viram histórias
- viram poemas
- viram lembranças
e viram olheiras
e bocejos no café,
e histórias que ainda não são
mas podem ser -
sugestões adoráveis
de noites mal
dormidas
! ah,
[enfática e reticente]
os outros quartos não devem
ter passe livre pra viajar com
direito a tema do dia e
estrelas pipocando
na retina.
Contentamento em dois tempos
I. Rubaiyát
He who only lives in Haste
in anticipation of things displaced
shall not enjoy Life to the full
but shall live to his own disgrace.
Bearing Future heavy, and the Past
on his shoulders, won't he last
long - as he must then submit
himself to filters that harass.
So, come Ye all, and join the trance
the Wine, the Laughter and the Dance
and live this moment to its most
as To-morrow bears no such a chance.
II. Instante
(hi hi hi)
tudo agora parece tão pequeno
quanto um grão
de areia
- minúsculo
numa grande praia
deserta
no meio de um
animado luau
- trago os drinks
e o colar de flores.
He who only lives in Haste
in anticipation of things displaced
shall not enjoy Life to the full
but shall live to his own disgrace.
Bearing Future heavy, and the Past
on his shoulders, won't he last
long - as he must then submit
himself to filters that harass.
So, come Ye all, and join the trance
the Wine, the Laughter and the Dance
and live this moment to its most
as To-morrow bears no such a chance.
II. Instante
(hi hi hi)
tudo agora parece tão pequeno
quanto um grão
de areia
- minúsculo
numa grande praia
deserta
no meio de um
animado luau
- trago os drinks
e o colar de flores.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Estudo das cores numa tela em branco
a cidade se pinta aos poucos
começa em cinza
e branco
surgem traços marrons
dos galhos raquíticos
em diversas nuances
há folhas nos galhos, raras,
e no chão;
Acrescenta-se o chumbo
da pedra fake dos muros das casas
- são de plástico -
e o azul patriótico de algumas
janelas,
mas não no céu
esse, sem sombra de dúvida,
é, quando muito,
azul-acinzentado;
e, por fim, há o amarelo
que tom? talvez:
acinzentado -
esmaecido
como o os sorrisos
práticos
dos parcos seres vivos
humanóides que fazem
cooper a -7 oC;
Há, ainda
alguma possibilidade
de cor no setor de
cosméticos da
farmácia mais
próxima.
[Mas ah, as casas têm
calefação agradável;
senão não se
faria pintar
o inverno
seguinte.]
começa em cinza
e branco
surgem traços marrons
dos galhos raquíticos
em diversas nuances
há folhas nos galhos, raras,
e no chão;
Acrescenta-se o chumbo
da pedra fake dos muros das casas
- são de plástico -
e o azul patriótico de algumas
janelas,
mas não no céu
esse, sem sombra de dúvida,
é, quando muito,
azul-acinzentado;
e, por fim, há o amarelo
que tom? talvez:
acinzentado -
esmaecido
como o os sorrisos
práticos
dos parcos seres vivos
humanóides que fazem
cooper a -7 oC;
Há, ainda
alguma possibilidade
de cor no setor de
cosméticos da
farmácia mais
próxima.
[Mas ah, as casas têm
calefação agradável;
senão não se
faria pintar
o inverno
seguinte.]
domingo, 28 de dezembro de 2008
A children's tale - II
Alice through the plastic glass
Alice goes, spirits low, her heart contrived
as she walks into a brand new fancy shop,
where she asks, naively: 'What should I buy -
I have no money, just wishes; I've got
to try, hear my plea! As so I've been told
by the media, on TV and the like...'
The hatter replied, in a voice tone so bold:
'No, dear Alice' - 'what you should keep in mind
is to get yourself a new credit card!
It'll thus grant all your wishes complete,
it'll rise you up to fame, so not hard
will you find the satisfaction you seek.'
'Oh, Hatter', she replied, 'How might it be so?
I don't want a card just as I cannot follow
whichever I disagree with; so low
would I feel, and so terribly hollow...'
'Sure, little thing - strive just a bit more
so that your wit will finally tell:
- nobody can ever buy in a store
that which so precious there is not to sell.'
'Then, dear Hatter, what would you recommend
in this world of buyings, cards and the kind?'
' - Just let it be, live to your own content
as in books and friends that gift you shall find.'
Alice goes, spirits low, her heart contrived
as she walks into a brand new fancy shop,
where she asks, naively: 'What should I buy -
I have no money, just wishes; I've got
to try, hear my plea! As so I've been told
by the media, on TV and the like...'
The hatter replied, in a voice tone so bold:
'No, dear Alice' - 'what you should keep in mind
is to get yourself a new credit card!
It'll thus grant all your wishes complete,
it'll rise you up to fame, so not hard
will you find the satisfaction you seek.'
'Oh, Hatter', she replied, 'How might it be so?
I don't want a card just as I cannot follow
whichever I disagree with; so low
would I feel, and so terribly hollow...'
'Sure, little thing - strive just a bit more
so that your wit will finally tell:
- nobody can ever buy in a store
that which so precious there is not to sell.'
'Then, dear Hatter, what would you recommend
in this world of buyings, cards and the kind?'
' - Just let it be, live to your own content
as in books and friends that gift you shall find.'
sábado, 27 de dezembro de 2008
Cartão postal
improviso
lembrança
sincera
um abraço
um olhar;
pudera
te mostrar
os olhos daqui
mando
esse cartão
- espera;
tanto pra
te contar...
lembrança
sincera
um abraço
um olhar;
pudera
te mostrar
os olhos daqui
mando
esse cartão
- espera;
tanto pra
te contar...
Noite estrelada
O que esperar, noite, em tua ventura
senão calor de uma doce ternura
o beijo macio, abraço indolente,
o brinde em olhar-te toda envolvente?
Ó noite, abraça-me enquanto aconchegas
iluminada por lindas estrelas -
vibro com flores de aromas suaves
que exalas, inebriando-me as faces
Entrego-me à tua promessa - sonho
enlevada em bruma argêntea da lua
e do gentil torpor do vinho carmim;
Adormeço, em teus braços... então ponho
minha mão gentilmente sobre a tua:
- as estrelas hoje brilham por mim!
senão calor de uma doce ternura
o beijo macio, abraço indolente,
o brinde em olhar-te toda envolvente?
Ó noite, abraça-me enquanto aconchegas
iluminada por lindas estrelas -
vibro com flores de aromas suaves
que exalas, inebriando-me as faces
Entrego-me à tua promessa - sonho
enlevada em bruma argêntea da lua
e do gentil torpor do vinho carmim;
Adormeço, em teus braços... então ponho
minha mão gentilmente sobre a tua:
- as estrelas hoje brilham por mim!
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Questionário
Você é capaz?
de se deliciar com cerejas
sem medo de se sujar?
Você é capaz
de desejar um sonho
e vivê-lo?
Você é capaz
de se expor
sem ter medo?
Se as respostas acima
forem sim,
você não faz o meu tipo
você seria óbvio demais.
de se deliciar com cerejas
sem medo de se sujar?
de desejar um sonho
e vivê-lo?
Você é capaz
de se expor
sem ter medo?
Se as respostas acima
forem sim,
você não faz o meu tipo
Right lane
swimming against the tide
drowning in lost thoughts
or walking the dog
feeling the lightness
oceans away
in memories so deep
- a character in disguise
or real and sensible and
- impulsive
I must come back to my
swimming classes
soon.
drowning in lost thoughts
or walking the dog
feeling the lightness
oceans away
in memories so deep
- a character in disguise
or real and sensible and
- impulsive
I must come back to my
swimming classes
soon.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Post scriptum
pensei em meus natais passados
imaginários
sempre foram lindos
no meu mundo perto do sol
e amargamente reais
hipócritas,
possivelmente
me eram tão reais
quanto meu mundo imaginário
imaginários
sempre foram lindos
no meu mundo perto do sol
e amargamente reais
hipócritas,
possivelmente
me eram tão reais
quanto meu mundo imaginário
não sei, parece que a neve
o branco e o frio
e o plástico e o excesso
e a saudade e a raiva
e as feridas abertas
e a necessidade de sentir
alguma coisa
de sentir um vento frio
e resistir
sabendo que a minha
casa estava quente e
que ali,
naquele momento que fosse,
todos eram de verdade
e que puderam, por alguns momentos
se entregar livremente sem
barreiras
a despeito de
todas as diferenças
tão irreconciliáveis
o branco e o frio
e o plástico e o excesso
e a saudade e a raiva
e as feridas abertas
e a necessidade de sentir
alguma coisa
de sentir um vento frio
e resistir
sabendo que a minha
casa estava quente e
que ali,
naquele momento que fosse,
todos eram de verdade
e que puderam, por alguns momentos
se entregar livremente sem
barreiras
a despeito de
todas as diferenças
tão irreconciliáveis
mesmo sendo minha família
hipócrita
e difícil
[que talvez nem mesmo exista de verdade]
aquele momento específico
foi real
e acolhedor.
hipócrita
e difícil
[que talvez nem mesmo exista de verdade]
aquele momento específico
foi real
e acolhedor.
Quinta no parque
Finalmente um dia de sol
frio como os outros
menos frio porém
meu olhar
vi que as árvores não são de
plástico
e é possível um pouco
de ar fresco
sem precisar comprar
embalado em superpack
no supermercado
os cachorros se cheiram
e se conhecem
no caminho
os sorrisos de plástico
me dizem -"Hi"
mas acho que eu preferia que
me cheirassem seria
mais honesto
nunca vão me conhecer
e nunca vão saber a diferença
entre Brazil e Belize,
tampouco vão deixar de achar
que ambos são latinos
[meus ouvidos doeram nessa hora
e não foi de frio
como das outras vezes];
fechei meus ouvidos para
essas ignorâncias
abri meu olfato para o cheiro
do pinheiro molhado do gêlo
sob o sol frio
e para o cheiro de gêlo frio
no ar
esses eram absolutamente
locais e
genuínos.
frio como os outros
menos frio porém
meu olhar
vi que as árvores não são de
plástico
e é possível um pouco
de ar fresco
sem precisar comprar
embalado em superpack
no supermercado
os cachorros se cheiram
e se conhecem
no caminho
os sorrisos de plástico
me dizem -"Hi"
mas acho que eu preferia que
me cheirassem seria
mais honesto
nunca vão me conhecer
e nunca vão saber a diferença
entre Brazil e Belize,
tampouco vão deixar de achar
que ambos são latinos
[meus ouvidos doeram nessa hora
e não foi de frio
como das outras vezes];
fechei meus ouvidos para
essas ignorâncias
abri meu olfato para o cheiro
do pinheiro molhado do gêlo
sob o sol frio
e para o cheiro de gêlo frio
no ar
esses eram absolutamente
locais e
genuínos.
White Christmas
Esse poema foi escrito na noite de Natal, junto com a minha família, quase à meia-noite; foi um presente para todos nós.
Luzes cintilam lá fora e aqui dentro
no calor da sala, o contentamento
é grande, e nos contamina a todos:
a magia do grande momento.
As crianças correm apressadas
o jantar é servido, as risadas
se ouvem em toda casa, enquanto
abrem os presentes, excitadas.
A ternura de tão simples evento,
improviso, sem controle ou lamento,
tudo feito quase à última hora: hoje,
por certo, alegria foi o sentimento.
no calor da sala, o contentamento
é grande, e nos contamina a todos:
a magia do grande momento.
As crianças correm apressadas
o jantar é servido, as risadas
se ouvem em toda casa, enquanto
abrem os presentes, excitadas.
A ternura de tão simples evento,
improviso, sem controle ou lamento,
tudo feito quase à última hora: hoje,
por certo, alegria foi o sentimento.
PS: FELIZ NATAL PRA TODOS!!!!!
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
O beijo
Segure minha cabeça gentilmente
com suas mãos
levemente caída pro lado
então passe seus dedos pelos meus cabelos
suavemente
depois repouse sua mão quente sobre o meu rosto
e pense em palavras para me dizer
palavras bonitas
e conte-me através dos seus olhos
dentro dos meus
e enquanto nos aproximamos
não feche seus olhos,
pois os meus te responderão de volta.
E não deixe nossos lábios se tocarem
ainda
- apenas respire lentamente
enquanto nossos suspiros quentes
nos envolvem
e então, só então, encoste de leve
seus lábios nos meus
esfregue-os com carinho
talvez dê uma mordidinha leve
até eles se derreterem.
E, finalmente, deixe-se levar
e mergulhe na Unidade
junto com os meus.
com suas mãos
levemente caída pro lado
então passe seus dedos pelos meus cabelos
suavemente
depois repouse sua mão quente sobre o meu rosto
e pense em palavras para me dizer
palavras bonitas
e conte-me através dos seus olhos
dentro dos meus
e enquanto nos aproximamos
não feche seus olhos,
pois os meus te responderão de volta.
E não deixe nossos lábios se tocarem
ainda
- apenas respire lentamente
enquanto nossos suspiros quentes
nos envolvem
e então, só então, encoste de leve
seus lábios nos meus
esfregue-os com carinho
talvez dê uma mordidinha leve
até eles se derreterem.
E, finalmente, deixe-se levar
e mergulhe na Unidade
junto com os meus.
Indulgence
I´m here lying on my bath tube
relaxing my muscles
and boiling my brains
It feels so relaxing here
it´s 11pm and
my mind goes blank
then it peeps in
the lonely thought
- I'm sorry.
I'm sorry 'cause I'm
not the postman
I shouldn't be sending you
messages of any kind
however hard I feel
but sorry
I didn't mean to be unkind
it just felt right then
it's late at night
and my relaxed thoughts
play tricks you know,
it's late and
I'm lonely
in my hot bath tube
and I think of what writer
I am who talks about
nonsense
and grief
and pain
- so dramatic.
- so aimless.
which filters do I use
emotive? sarcastic?
intellectual?
insane?
then I take a long breath and
spread some more lavender-
scented liquid soap
and think at last that right now
maybe I'm just using
the filter of
sincerity.
relaxing my muscles
and boiling my brains
It feels so relaxing here
it´s 11pm and
my mind goes blank
then it peeps in
the lonely thought
- I'm sorry.
I'm sorry 'cause I'm
not the postman
I shouldn't be sending you
messages of any kind
however hard I feel
but sorry
I didn't mean to be unkind
it just felt right then
it's late at night
and my relaxed thoughts
play tricks you know,
it's late and
I'm lonely
in my hot bath tube
and I think of what writer
I am who talks about
nonsense
and grief
and pain
- so dramatic.
- so aimless.
which filters do I use
emotive? sarcastic?
intellectual?
insane?
then I take a long breath and
spread some more lavender-
scented liquid soap
and think at last that right now
maybe I'm just using
the filter of
sincerity.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Eixo
faço girar, girar,
subir,
girar no alto, no sol
me encontrar no sol
[ - uma vez achei que morava perto do sol]
desapegar das minhas sombras e iluminar
minhas verdades, cobertas em pó
as mesmas que eu já não sei, pois que elas
mudam a cada novo giro,
e eu queria girar na dança de um dia
girar como me libertei e
como me prendi;
girar no sentido anti-horário (no que
talvez já me encontre, ou não),
girar até me largar de
mim mesma;
girar como fato e desejo, girar
nas paredes do meu quarto e nas
minhas lembranças
e girando nos teus olhos te
enxergar enquanto te beijo,
como eu poderia ter feito
mas acho que fiz,
do meu jeito;
Girei sem destino, talvez perdida
em sistemas e normas
pré-me-ditados,
girei para encontrar o meu eixo e
desorganizá-lo de vez
girei, girei, ansiosa,
desperdício de energia e de tempo de uma
vida que eu não queria mais perder;
mas foi tudo tão rápido, que
nem vi direito,
não enxerguei com olhos de ver
ainda giro agora em spins
remanescentes de forças internas
sutis, que me forçam a andar, mas não;
giro em torno
de mim mesma,
à procura de algo que ainda não
consigo ver
apenas observo espero intuo assimilo desejo,
e desorganizo.
A tonteira talvez agora me seja um
estado normal de insanidade suave e doce.
subir,
girar no alto, no sol
me encontrar no sol
[ - uma vez achei que morava perto do sol]
desapegar das minhas sombras e iluminar
minhas verdades, cobertas em pó
as mesmas que eu já não sei, pois que elas
mudam a cada novo giro,
e eu queria girar na dança de um dia
girar como me libertei e
como me prendi;
girar no sentido anti-horário (no que
talvez já me encontre, ou não),
girar até me largar de
mim mesma;
girar como fato e desejo, girar
nas paredes do meu quarto e nas
minhas lembranças
e girando nos teus olhos te
enxergar enquanto te beijo,
como eu poderia ter feito
mas acho que fiz,
do meu jeito;
Girei sem destino, talvez perdida
em sistemas e normas
pré-me-ditados,
girei para encontrar o meu eixo e
desorganizá-lo de vez
girei, girei, ansiosa,
desperdício de energia e de tempo de uma
vida que eu não queria mais perder;
mas foi tudo tão rápido, que
nem vi direito,
não enxerguei com olhos de ver
ainda giro agora em spins
remanescentes de forças internas
sutis, que me forçam a andar, mas não;
giro em torno
de mim mesma,
à procura de algo que ainda não
consigo ver
apenas observo espero intuo assimilo desejo,
e desorganizo.
A tonteira talvez agora me seja um
estado normal de insanidade suave e doce.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Credo Gourmet
(Após Saint Patrick's, almoço no Fiorello's, italiano simplesmente inesquecível).
Bendito seja o Fiorello's
no sagrado mundo dos repastos,
bendito sois vós
que me trouxestes tamanho deleite.
Vosso veado com alcachofras
seja para sempre louvado,
assim como vossas profiteroles
e cheesecake pertencem ao reino
dos céus.
Lembrarei para sempre de vós
e rogarei ainda aos anjos e santos
para que estejais no mesmo lugar
no dia em que eu aqui retornar.
Bendito seja o Fiorello's
no sagrado mundo dos repastos,
bendito sois vós
que me trouxestes tamanho deleite.
Vosso veado com alcachofras
seja para sempre louvado,
assim como vossas profiteroles
e cheesecake pertencem ao reino
dos céus.
Lembrarei para sempre de vós
e rogarei ainda aos anjos e santos
para que estejais no mesmo lugar
no dia em que eu aqui retornar.
Amar o Amor II
eu amei - mas amei tanto
que me enchi de amor
e de tanto, mas tanto amar
me enchi de amar
agora, com tanto amor
não quero mais amar
ninguém
quero amar o amor
tanto quanto o amor
puder de amar.
que me enchi de amor
e de tanto, mas tanto amar
me enchi de amar
agora, com tanto amor
não quero mais amar
ninguém
quero amar o amor
tanto quanto o amor
puder de amar.
domingo, 21 de dezembro de 2008
Saint Patrick's
Pilgrims come in flocks and herds
filled with faith and awe and hope
do they think they shall come first,
do they want to climb the slope
that will guide them up to higher plans?
Should they be guided by unknown faces,
the purple-dressed grin of frozen saints
empowered by a divine force so faint?
The golden cross shines all around
in the golden domes, the golden tiles
the purple dresses with golden smiles
they sing the glory with moaning sound
no easy answers, mind you, do I find
in this Holy place where I now stand
however hard I still might try
I'm certain, though, that I don't mind
being here in this place so grand
that means so little; I don´t know why.
filled with faith and awe and hope
do they think they shall come first,
do they want to climb the slope
that will guide them up to higher plans?
Should they be guided by unknown faces,
the purple-dressed grin of frozen saints
empowered by a divine force so faint?
The golden cross shines all around
in the golden domes, the golden tiles
the purple dresses with golden smiles
they sing the glory with moaning sound
no easy answers, mind you, do I find
in this Holy place where I now stand
however hard I still might try
I'm certain, though, that I don't mind
being here in this place so grand
that means so little; I don´t know why.
sábado, 20 de dezembro de 2008
Flashes from plastic world
Volunteers stir up fallen leaves
from the ground
they revolve in the air
then gather up in piles
to keep the lawn clean
funny that here
not even Nature
has the right to be
disorganised.
*
The neat houses are immense.
They´re so big inside -
It makes no sense at all.
It makes their emptiness
so much bigger.
*
Reception at the Brazilian embassy:
about 50 heads sitting neatly
in organised rows
nodding at the host's speech
with plastic smiles.
the host's son then plays samba
on his guitar
(a breath of fresh air - finally)
yet nobody moves
no nods
no head swings
no foot tapping
I can't help dancing still
hoping to go unnoticed
I wonder what kind
of family-sized-coupon-discount
cleasing product
they've been using as
blood substitute
- must be really good value for money.
from the ground
they revolve in the air
then gather up in piles
to keep the lawn clean
funny that here
not even Nature
has the right to be
disorganised.
*
The neat houses are immense.
They´re so big inside -
It makes no sense at all.
It makes their emptiness
so much bigger.
*
Reception at the Brazilian embassy:
about 50 heads sitting neatly
in organised rows
nodding at the host's speech
with plastic smiles.
the host's son then plays samba
on his guitar
(a breath of fresh air - finally)
yet nobody moves
no nods
no head swings
no foot tapping
I can't help dancing still
hoping to go unnoticed
I wonder what kind
of family-sized-coupon-discount
cleasing product
they've been using as
blood substitute
- must be really good value for money.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Relógio biológico
Todo dia acordo às seis
mesmo nos fins de semana
sem precisar
Todos os dias choro às onze
ao deitar
mesmo sem querer
engraçado que alguns hábitos
na vida
não precisam
de despertador
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Folhas secas
Serpentinas frias sobem e descem
não há ninguém
os galhos nus desfolham
as folhas secas
das casas lindas
iguais e secas
dos rostos sorridentes
gentis e secos
O frio cinza e branco
desfolha o recém-chegado
e lá, perdido, num
minúsculo ponto
no meio
do nada -
um canto
uma luz e
vozes.
Há vida.
não há ninguém
os galhos nus desfolham
as folhas secas
das casas lindas
iguais e secas
dos rostos sorridentes
gentis e secos
O frio cinza e branco
desfolha o recém-chegado
e lá, perdido, num
minúsculo ponto
no meio
do nada -
um canto
uma luz e
vozes.
Há vida.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Reys y Reinas
por Vicky Cristina Barcelona
Las Reinas
y las putas tristes
são todas iguais
todas querem dar
o que puderem
aos que as quiserem
Los Reys
y los salteadores
se assemelham
arrancam das pobres
o último suspiro
que ainda lhes resta.
Las Reinas
y las putas tristes
são todas iguais
todas querem dar
o que puderem
aos que as quiserem
Los Reys
y los salteadores
se assemelham
arrancam das pobres
o último suspiro
que ainda lhes resta.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
As if
just waiting
as if something would happen
just trying
as if trying would matter
just being
as if being could gather
- parts of me
taken together
as if
they would mean anything at all.
as if something would happen
just trying
as if trying would matter
just being
as if being could gather
- parts of me
taken together
as if
they would mean anything at all.
Apoptose
nesse exato instante
um pensamento morreu aqui
da mesma forma
que a cada instante
milhares de células nascem e morrem
turbilhão inquieto de caos
organizado.
imagens randômicas me impregnam
a retina
líquidos isotônicos escoam por túbulos
convolutos
percepções sutis acionam meus
neurorreceptores
e essas milhões de células rebolam
em estradas minúsculas
dando voltas.
Mas fato inegável:
- meus neurônios não estão nascendo
e morrendo o tempo todo
como todo o resto.
muito menos nobres
porém
são meus pensamentos
que nascem e morrem
como o que morreu aqui
nesse exato instante.
um pensamento morreu aqui
da mesma forma
que a cada instante
milhares de células nascem e morrem
turbilhão inquieto de caos
organizado.
imagens randômicas me impregnam
a retina
líquidos isotônicos escoam por túbulos
convolutos
percepções sutis acionam meus
neurorreceptores
e essas milhões de células rebolam
em estradas minúsculas
dando voltas.
Mas fato inegável:
- meus neurônios não estão nascendo
e morrendo o tempo todo
como todo o resto.
muito menos nobres
porém
são meus pensamentos
que nascem e morrem
como o que morreu aqui
nesse exato instante.
Buraco
Cavei um enorme buraco hoje eu não
sabia onde me enfiar cheguei na China movida
por um esquadrão de sapos mafiosos que
se escondiam há muito tempo na
minha garganta -
agora talvez as palavras me saiam mais
lúcidas
não as da boca
mas
as
de
dentro.
sabia onde me enfiar cheguei na China movida
por um esquadrão de sapos mafiosos que
se escondiam há muito tempo na
minha garganta -
agora talvez as palavras me saiam mais
lúcidas
não as da boca
mas
as
de
dentro.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Meu passado
Meu passado querido,
seja apenas meu passado,
parte de mim,
e não meu todo.
Não me traga deselegâncias
nem despeitos,
mas lembranças de respeitos,
como minha essência
que conheces tão bem,
visto que és parte de mim.
seja apenas meu passado,
parte de mim,
e não meu todo.
Não me traga deselegâncias
nem despeitos,
mas lembranças de respeitos,
como minha essência
que conheces tão bem,
visto que és parte de mim.
Ordinary sounds
Today I hear the bells toll
For someone
unknown
What he takes
I´ll never really know -
nor do I really care.
But I do know,
That the bells will toll,
And the horns will sound,
And the people will rush,
And the pain will fade,
And the loves will flush,
And the feet will ache,
Yet the feet will move
Just as,
unaffected,
and totally unprevailing
the little flowers will continue
on my window sill.
For someone
unknown
What he takes
I´ll never really know -
nor do I really care.
But I do know,
That the bells will toll,
And the horns will sound,
And the people will rush,
And the pain will fade,
And the loves will flush,
And the feet will ache,
Yet the feet will move
Just as,
unaffected,
and totally unprevailing
the little flowers will continue
on my window sill.
Machadiana
O brinco de pérola não nega, és
Princesa de estirpe, nobre senhora
Do tipo de lady que mundo afora
Espalha sorrisos e acenos cruéis.
Cútis pálida, olhos de turquesa
Teus lábios proferem fala simplória
Escrutinas o outro, rouba-lhe a mesa
Dissimulas, pois que só queres glória.
Tu, que te achas perfeita e gentil
Nada mais és do que um nada em nada
Uma pobre boneca de porcelana
Continuas, pois, teu trabalho servil
De agradar os outros; segue, coitada
Até te deixarem, sem vida, na lama.
Princesa de estirpe, nobre senhora
Do tipo de lady que mundo afora
Espalha sorrisos e acenos cruéis.
Cútis pálida, olhos de turquesa
Teus lábios proferem fala simplória
Escrutinas o outro, rouba-lhe a mesa
Dissimulas, pois que só queres glória.
Tu, que te achas perfeita e gentil
Nada mais és do que um nada em nada
Uma pobre boneca de porcelana
Continuas, pois, teu trabalho servil
De agradar os outros; segue, coitada
Até te deixarem, sem vida, na lama.
Flashback
Dedicado a um amigo capiano recente ... bons tempos, boas lembranças.
Eles jogam bola
e elas jogam vôlei
e queimado.
Jogam a bola,
Câmbio!
Eu peguei! consegui,
hoje sou a rainha do jogo.
Naqueles doces aulas
a bola, o jogo, o ginásio,
eu era rainha de tudo
e de todos; inebriada
na inocência e na disputa,
na expectativa da bandeira
verde que eu defendia
com unhas e dentes.
Eu era verde desde que nasci.
*
Soa a campainha,
fim: recreio!,
mais bola, mais vôlei,
não pode, devolve a bola,
pôxa! por quuuuêê???
mas tudo bem, amanhã tem mais,
pois em setembro seremos os reis -
Eles jogam bola
e elas jogam vôlei
e queimado.
Jogam a bola,
Câmbio!
Eu peguei! consegui,
hoje sou a rainha do jogo.
Naqueles doces aulas
a bola, o jogo, o ginásio,
eu era rainha de tudo
e de todos; inebriada
na inocência e na disputa,
na expectativa da bandeira
verde que eu defendia
com unhas e dentes.
Eu era verde desde que nasci.
*
Soa a campainha,
fim: recreio!,
mais bola, mais vôlei,
não pode, devolve a bola,
pôxa! por quuuuêê???
mas tudo bem, amanhã tem mais,
pois em setembro seremos os reis -
No meu reinado não vai ter pra ninguém.
domingo, 14 de dezembro de 2008
Amar o amor
era um dia cinza
como todos os outros e
eu estava cinza
você aparecia nas esquinas
eu te via a cada hora
o amor amado
e desamado
quando ficou
cinza
continuei te amando
em pensamentos
úmidos e tristes
como a minha lágrima
como todos os outros e
eu estava cinza
você aparecia nas esquinas
eu te via a cada hora
o amor amado
e desamado
quando ficou
cinza
continuei te amando
em pensamentos
úmidos e tristes
como a minha lágrima
e a chuva tentava te
limpar de mim,
mas não conseguia
amei o amor
como você
amei o desamor
também
mas não como você
o difícil foi
me contentar com
os pedaços
são sempre pedaços
realidade em pedaços
distorções irreais
pedaços -
fragmentos do que eu fui
um dia vi meu reflexo
numa poça
olhando pra baixo
ainda por baixo
e vi os pedaços
se refazerem
em pedaços
cinza-prateados
úmidos na poça
amores (des)lavados
Me vi ali.
Me lavei ali.
Me refiz ali.
Pólos positivos
Quando resistes – insisto,
Quando me assistes – retrato,
Nego o relato, des-disse,
Largo-me em desato.
Quando corriges – acuso,
Quando amenizas – escuso
O proceder; des-entendo
A razão do teu lamento.
Quando ignoro – aplaudes,
Quando te afastas – saudades,
Procuro-te em sombras
Em vez de em claridades.
Quando me assistes – retrato,
Nego o relato, des-disse,
Largo-me em desato.
Quando corriges – acuso,
Quando amenizas – escuso
O proceder; des-entendo
A razão do teu lamento.
Quando ignoro – aplaudes,
Quando te afastas – saudades,
Procuro-te em sombras
Em vez de em claridades.
sábado, 13 de dezembro de 2008
Conditionals
0.
When you love, you change yourself.
When you give, you get something in return.
I.
If you try, you´ll get what you want, or need.
If you have ambition, you´ll fly up high.
II.
If I could, I would embrace the world
And absorb it in just one breath, and live.
III.
If I had known what I was going to get…
I would have done it all the same.
When you love, you change yourself.
When you give, you get something in return.
I.
If you try, you´ll get what you want, or need.
If you have ambition, you´ll fly up high.
II.
If I could, I would embrace the world
And absorb it in just one breath, and live.
III.
If I had known what I was going to get…
I would have done it all the same.
Sobre o tentar
Prefácio:
- On a more serious note... ; de mim para mim mesma; who cares, anyway?
Dificuldades, há muitas, todos têm, todos se queixam em algum momento da vida. Difícil, talvez, seja sair da inércia e tomar ação, uma vez que o passado tem, às vezes, um apelo irresistível. Vejo amores impossíveis chorados continuamente, frustrações profissionais lastimadas, lamúrias de todos os tipos. Bem, também vivi e vivo os meus lamentos, como qualquer ser humano normal, e com bastante freqüência até... mas... há que se tentar. Tenho pensado bastante nisso. Nada melhor do que usar os poucos neurônios que me restam, já na desvantagem pela cor dos meus cabelos (!), para produzir algo que valha à pena. Pois, se um limão pode virar uma limonada, quem sabe pode virar uma deliciosa torta com merengue por cima?... Mais do que uma visão "cor de rosa" da vida, tola em sua prerrogativa, acredito que uma atitude pró-ativa e prática, em alguns casos, seja mais proveitosa do que o mero reconhecimento da inutilidade de um esforço, se ele não acrescentar nada a quem viveu.
Sublimar as experiências em exercícios de sensibilidade, por que não? Dialogar consigo mesmo, não à procura de respostas, mas de perguntas reais que justifiquem reflexões mais profundas... ou não! Simplesmente brincar com a sua miséria e rir de si mesmo... Ou um pouco de tudo isso...
Tendo a acreditar que é válido tentar, de forma simples e esforçada, aprender com qualquer tipo de experiência e, sempre que possível, desenvolver novos olhares. Talvez isso seja uma tentativa de amadurecimento. Talvez seja pura perda de tempo...?
- On a more serious note... ; de mim para mim mesma; who cares, anyway?
Dificuldades, há muitas, todos têm, todos se queixam em algum momento da vida. Difícil, talvez, seja sair da inércia e tomar ação, uma vez que o passado tem, às vezes, um apelo irresistível. Vejo amores impossíveis chorados continuamente, frustrações profissionais lastimadas, lamúrias de todos os tipos. Bem, também vivi e vivo os meus lamentos, como qualquer ser humano normal, e com bastante freqüência até... mas... há que se tentar. Tenho pensado bastante nisso. Nada melhor do que usar os poucos neurônios que me restam, já na desvantagem pela cor dos meus cabelos (!), para produzir algo que valha à pena. Pois, se um limão pode virar uma limonada, quem sabe pode virar uma deliciosa torta com merengue por cima?... Mais do que uma visão "cor de rosa" da vida, tola em sua prerrogativa, acredito que uma atitude pró-ativa e prática, em alguns casos, seja mais proveitosa do que o mero reconhecimento da inutilidade de um esforço, se ele não acrescentar nada a quem viveu.
Sublimar as experiências em exercícios de sensibilidade, por que não? Dialogar consigo mesmo, não à procura de respostas, mas de perguntas reais que justifiquem reflexões mais profundas... ou não! Simplesmente brincar com a sua miséria e rir de si mesmo... Ou um pouco de tudo isso...
Tendo a acreditar que é válido tentar, de forma simples e esforçada, aprender com qualquer tipo de experiência e, sempre que possível, desenvolver novos olhares. Talvez isso seja uma tentativa de amadurecimento. Talvez seja pura perda de tempo...?
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Ondulante
Na árdua tarefa de me conhecer
Procuro, em vão, o que mais dizer;
Pois vago, persisto, a não mais poder
Encontrar respostas em meu próprio ser.
Tangente, escorrego, perdida em noções,
Fulgente, brilho em conquistas; brazões
Não tenho, nem quero; prezo somente
Aquilo que almejo, conscientemente.
Se mudo, se fico, se ora me vou,
Acredito que o vento a mim destinou
Viagens incríveis - pois que restou
A mim sonhar com estrelas; sou
Desta forma, a vivaz sonhadora,
Embora, tão tola, ache que outrora
Não soube sonhar; mas na ida hora
Eu soube voltar, para o aqui e o agora.
Não defino, portanto, e nem busco mais
O que sou, o que fui, o que farei; ademais
o que faço e o que acho; não seria demais
Definir-me como quem não pensa: ‘jamais'.
Procuro, em vão, o que mais dizer;
Pois vago, persisto, a não mais poder
Encontrar respostas em meu próprio ser.
Tangente, escorrego, perdida em noções,
Fulgente, brilho em conquistas; brazões
Não tenho, nem quero; prezo somente
Aquilo que almejo, conscientemente.
Se mudo, se fico, se ora me vou,
Acredito que o vento a mim destinou
Viagens incríveis - pois que restou
A mim sonhar com estrelas; sou
Desta forma, a vivaz sonhadora,
Embora, tão tola, ache que outrora
Não soube sonhar; mas na ida hora
Eu soube voltar, para o aqui e o agora.
Não defino, portanto, e nem busco mais
O que sou, o que fui, o que farei; ademais
o que faço e o que acho; não seria demais
Definir-me como quem não pensa: ‘jamais'.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Spinning round
Spins are pins that hiss like snakes
Enthralled by energy.
Spins seem pin-ups dancing in a cabaret
Frantically, with no aim.
Spins sip the fiery wind they leave behind
As melting ice cream.
Spins are conjectures of distance
Brought together by hidden forces.
Spins are the attraction forces that unite two
Bodies despite all others - and all odds.
Spins derive into splits, two parts of
One, that add to significantly more.
Spins can be special hooks to catch
The eye of a vulnerable passer-by.
Spins make the world go round,
Not money - though it tries.
Chorus:
Spins keep going, round and round,
Spinning round, till dizzy and bound;
then fall to ground, with muffled sound,
they spin backwards, and move around.
Enthralled by energy.
Spins seem pin-ups dancing in a cabaret
Frantically, with no aim.
Spins sip the fiery wind they leave behind
As melting ice cream.
Spins are conjectures of distance
Brought together by hidden forces.
Spins are the attraction forces that unite two
Bodies despite all others - and all odds.
Spins derive into splits, two parts of
One, that add to significantly more.
Spins can be special hooks to catch
The eye of a vulnerable passer-by.
Spins make the world go round,
Not money - though it tries.
Chorus:
Spins keep going, round and round,
Spinning round, till dizzy and bound;
then fall to ground, with muffled sound,
they spin backwards, and move around.
Mis - considerações lingüisticas.
Adoro esse prefixo do inglês -mis: 'falta de', 'erro', 'distorção', traduzido para o português como 'mal'. Misinterpretation, misunderstanding, mishearing, misshaped: algo que saiu diferente da intenção inicial do interlocutor. Também remete ao 'mis' do francês, passado do verbo colocar (mettre), que traz uma idéia de 'foi colocado', 'já foi feito', ou, melhor dizendo, 'já era'. Então, em resumo, seria algo que foi feito, que não era a intenção, mas que surtiu um efeito colateral e pronto.
Há tantas coisas que saem em mis na vida, (in)felizmente, obviamente porque não há dois seres humanos iguais; logo sempre haverá lugar para esse tipo de fenômeno. Como uma posição errada no espaço: nem cis nem trans, mas mis. Engraçado, ainda, é que a sonoridade de 'mis' é algo delicada, quase um eufemismo considerando-se a história toda, especialmente comparadas às conseqüências nem sempre tão delicadas da distorção. Hum. Pelo menos a palavra pode trazer delicadeza para alguns assuntos que, por sua vez, podem ser bem delicados.
Talvez fosse interessante importar o prefixo puro, para quando algo sair um pouco diferente do que se pretendia, em vez de 'pôxa' ou outros vernáculos menos singelos (ainda que honestos), mandar-se um sonoro "MIS!"... Talvez o ouvinte sofresse menos as conseqüências desse último comentário, o que poderá ter ocorrido com o objeto que originou a incompreensão (caso não se carregue demais na entonação, a qual pode expressar mais do que mil palavras). Ou ainda, se o ouvinte conhecer o prefixo, poderia intuir que houve um ruído na comunicação... Ou, ainda, neurolingüisticamente falando, talvez pudesse ajudar a reprogramar a mente para enviar uma mensagem mais apropriada da próxima vez.
N.A: Apesar destas elocubrações lingüísticas serem absurdas e algo fora de propósito neste blog, não deixam de ser interessantes, contanto que não sejam misinterpretadas - perdão pelo anglicismo!
Há tantas coisas que saem em mis na vida, (in)felizmente, obviamente porque não há dois seres humanos iguais; logo sempre haverá lugar para esse tipo de fenômeno. Como uma posição errada no espaço: nem cis nem trans, mas mis. Engraçado, ainda, é que a sonoridade de 'mis' é algo delicada, quase um eufemismo considerando-se a história toda, especialmente comparadas às conseqüências nem sempre tão delicadas da distorção. Hum. Pelo menos a palavra pode trazer delicadeza para alguns assuntos que, por sua vez, podem ser bem delicados.
Talvez fosse interessante importar o prefixo puro, para quando algo sair um pouco diferente do que se pretendia, em vez de 'pôxa' ou outros vernáculos menos singelos (ainda que honestos), mandar-se um sonoro "MIS!"... Talvez o ouvinte sofresse menos as conseqüências desse último comentário, o que poderá ter ocorrido com o objeto que originou a incompreensão (caso não se carregue demais na entonação, a qual pode expressar mais do que mil palavras). Ou ainda, se o ouvinte conhecer o prefixo, poderia intuir que houve um ruído na comunicação... Ou, ainda, neurolingüisticamente falando, talvez pudesse ajudar a reprogramar a mente para enviar uma mensagem mais apropriada da próxima vez.
N.A: Apesar destas elocubrações lingüísticas serem absurdas e algo fora de propósito neste blog, não deixam de ser interessantes, contanto que não sejam misinterpretadas - perdão pelo anglicismo!
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Gris
As tulipas estão sem pé.
A terra está sem adubo.
Não se sustentam.
O vazio é grande,
e a falta é imensa;
e me toma por inteiro,
e me estreita a vista,
e me torna um tempo instável,
com breves períodos de sol
entre muitas nuvens,
diz o oráculo.
Sinto-me um buraco negro
implodindo em matéria densa.
Elétrons com spins dissonantes
atordoados pela falta,
desmagnetizados,
desenergizados,
à deriva dos potenciais,
à deriva dos campos,
à deriva nas ruas,
à deriva dos lábios,
à deriva do sol.
A terra está sem adubo.
Não se sustentam.
O vazio é grande,
e a falta é imensa;
e me toma por inteiro,
e me estreita a vista,
e me torna um tempo instável,
com breves períodos de sol
entre muitas nuvens,
diz o oráculo.
Sinto-me um buraco negro
implodindo em matéria densa.
Elétrons com spins dissonantes
atordoados pela falta,
desmagnetizados,
desenergizados,
à deriva dos potenciais,
à deriva dos campos,
à deriva nas ruas,
à deriva dos lábios,
à deriva do sol.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Ode a Walt Whitman
(Sempre quis escrever um poema sobre o capitão de Walt Whitman desde a primeira vez que o li, só que comum final feliz: vivo e guiando seus marinheiros, final talvez menos épico; mas certamente mais otimista.)
With open eyes, determined fist, here I go
To unsailed seas, unseen roads and although
I have brought nothing but my fragile soul
‘guess that´s exactly what it takes me to go.
Thy figure has inspired and conquered my fears
Thy fairness has resided in all that I hear,
All the battles I’ve fought, thy glory comes near
The victory of a small sailor brings out the cheer.
My captain, thou standst inside me and ahead!
Thou hath guided me in full darkness and despair,
Thy strength shall be there when I need it the most…
Hence if the horizon brings in news to regret,
once storms that mounted have summoned in the air,
They shall become firmness which thy soul bestows.
With open eyes, determined fist, here I go
To unsailed seas, unseen roads and although
I have brought nothing but my fragile soul
‘guess that´s exactly what it takes me to go.
Thy figure has inspired and conquered my fears
Thy fairness has resided in all that I hear,
All the battles I’ve fought, thy glory comes near
The victory of a small sailor brings out the cheer.
My captain, thou standst inside me and ahead!
Thou hath guided me in full darkness and despair,
Thy strength shall be there when I need it the most…
Hence if the horizon brings in news to regret,
once storms that mounted have summoned in the air,
They shall become firmness which thy soul bestows.
Delicadeza
Quando dizes: ‘vai-te agora, estou bem’,
Acredito; e vou-me indo também.
Aceno-te, sorriso sincero,
desejo-te o que há de mais belo,
Desvelo em cuidar do que prezo:
Inefável carinho - o qual vem
embalar-me em névoa mansa,
que, singela, lúcida, mas intuitiva,
emana livre do teu bem-estar
que se reflete, assim, no meu;
espíritos inquietos aflitos buscantes
encontram-se, por acaso, em
outras esquinas, distantes,
e abraçando-se, relembram
sozinhos, sorrindo, silentes,
delicadamente procuram
o conforto das almas afins.
E aquietam-se, então, sem lamento,
despedem-se em suave contento
do contato conhecido, querido
reencontro mais que sentido,
Aconchegam-se,
Respiram,
E de novo se vão.
Acredito; e vou-me indo também.
Aceno-te, sorriso sincero,
desejo-te o que há de mais belo,
Desvelo em cuidar do que prezo:
Inefável carinho - o qual vem
embalar-me em névoa mansa,
que, singela, lúcida, mas intuitiva,
emana livre do teu bem-estar
que se reflete, assim, no meu;
espíritos inquietos aflitos buscantes
encontram-se, por acaso, em
outras esquinas, distantes,
e abraçando-se, relembram
sozinhos, sorrindo, silentes,
delicadamente procuram
o conforto das almas afins.
E aquietam-se, então, sem lamento,
despedem-se em suave contento
do contato conhecido, querido
reencontro mais que sentido,
Aconchegam-se,
Respiram,
E de novo se vão.
domingo, 7 de dezembro de 2008
Semente
Da terra fecunda nasce o impulso
Germina o grão, que dele se faz planta
Sem, entretanto, alterar-se-lhe o curso
O sinal único que a forma implanta.
Se a terra lhe jorra a seiva, sustenta
os mais íntimos desejos e encantos,
A raiz lhe firma o corpo e fomenta
A energia de pisar sobre os prantos.
Traz em si o âmago da potência
com que gera, servil, sublime lastro
Encontro inefável da matéria e Deus
Ao que promove, com toda coerência
Gentileza, força, fluidez e rastro
Que não me definem; quisera-os meus.
Germina o grão, que dele se faz planta
Sem, entretanto, alterar-se-lhe o curso
O sinal único que a forma implanta.
Se a terra lhe jorra a seiva, sustenta
os mais íntimos desejos e encantos,
A raiz lhe firma o corpo e fomenta
A energia de pisar sobre os prantos.
Traz em si o âmago da potência
com que gera, servil, sublime lastro
Encontro inefável da matéria e Deus
Ao que promove, com toda coerência
Gentileza, força, fluidez e rastro
Que não me definem; quisera-os meus.
Simples desejos
Desejo ainda muito desejar.
(Grande pretensão, mas verdadeira;
sem grandes aspirações poéticas).
Desejo a contínua mudança:
falta de desejo é falta de vida.
Desejo ler muito, muito!,
refastelar-me em idéias e sentimentos
que podem mobilizar o pensar.
Desejo vibrar com pequenas coisas
e pequenos momentos, como uma
criança, sem a menor dificuldade.
Desejo esvaziar a mim mesma
de tudo o que já fui,
dos medos e concepções,
de inúteis perfeições,
para me encher de tudo
o que ainda posso ser,
como um grande vazio
de potencialidade(s).
Desejo escrever sobre muitas coisas,
sejam elas relevantes ou não,
sem o menor compromisso;
bem como desejo ler muitas coisas,
que provavelmente serão relevantes,
ainda que, muitas vezes,
imperfeitas.
E vibrar com um lindo soneto
de amor, por exemplo.
Desejo ver muitos filmes,
e adorá-los,
comendo pipoca meio
salgada e meio doce.
Desejo dançar num salão,
dançar com a música,
ou com alguém,
não importa.
Desejo que meus amigos
compartilhem as minhas descobertas
e as minhas gargalhadas.
Desejo, por fim,
que eu não deseje só pra mim.
(Seu desejo é uma ordem!
Diria o gênio...)
(Grande pretensão, mas verdadeira;
sem grandes aspirações poéticas).
Desejo a contínua mudança:
falta de desejo é falta de vida.
Desejo ler muito, muito!,
refastelar-me em idéias e sentimentos
que podem mobilizar o pensar.
Desejo vibrar com pequenas coisas
e pequenos momentos, como uma
criança, sem a menor dificuldade.
Desejo esvaziar a mim mesma
de tudo o que já fui,
dos medos e concepções,
de inúteis perfeições,
para me encher de tudo
o que ainda posso ser,
como um grande vazio
de potencialidade(s).
Desejo escrever sobre muitas coisas,
sejam elas relevantes ou não,
sem o menor compromisso;
bem como desejo ler muitas coisas,
que provavelmente serão relevantes,
ainda que, muitas vezes,
imperfeitas.
E vibrar com um lindo soneto
de amor, por exemplo.
Desejo ver muitos filmes,
e adorá-los,
comendo pipoca meio
salgada e meio doce.
Desejo dançar num salão,
dançar com a música,
ou com alguém,
não importa.
Desejo que meus amigos
compartilhem as minhas descobertas
e as minhas gargalhadas.
Desejo, por fim,
que eu não deseje só pra mim.
(Seu desejo é uma ordem!
Diria o gênio...)
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Dois jovens amantes, lindos se amaram,
promessas fizeram de amor perdurar,
ingênuos que eram em seu desejar,
o Amor, por pouco, quase alcançaram.
Perdidos, porém, não viram passar
o Tempo, e com ele aos poucos deixaram
a paixão a que outrora se entregaram,
sem perceber a armadilha se armar.
Quando viram, já tarde, o tempo cruel
tirou-lhes a calma e os fez separar
o sonho do dia, trazendo à razão
dos dois a verdade; apenas paixão
que, tão intensa, lhes fez transformar
em lembrança o amor outrora fiel.
promessas fizeram de amor perdurar,
ingênuos que eram em seu desejar,
o Amor, por pouco, quase alcançaram.
Perdidos, porém, não viram passar
o Tempo, e com ele aos poucos deixaram
a paixão a que outrora se entregaram,
sem perceber a armadilha se armar.
Quando viram, já tarde, o tempo cruel
tirou-lhes a calma e os fez separar
o sonho do dia, trazendo à razão
dos dois a verdade; apenas paixão
que, tão intensa, lhes fez transformar
em lembrança o amor outrora fiel.
Desafinado
Ando sozinha, não sei
onde, ou porquê,
por aí me vou, sem fé.
Parece que não ouço.
O que dizer então,
se ainda não sei;
procuro, me pergunto,
onde estou, e você?
Que me dizes?
Nada (...)
Aguardo em silêncio.
Recebo um silêncio
sorridente.
Parece que também
já não sei falar.
Troco um olhar duvidoso,
misto de ‘quero’
e ‘não quero’,
quando tudo o que
queria de verdade
era um sim,
e não um se.
Um afirmativo grandioso
e luminoso,
sonoro, gargalhante,
pra se rir nas horas vagas.
Porém, reconheço,
nunca toquei lá muito
bem minha flauta;
ela sempre
desafinou no si.
Como havia de querer...?
Resta o silêncio
aos que, como eu,
não aprenderam a tocar.
onde, ou porquê,
por aí me vou, sem fé.
Parece que não ouço.
O que dizer então,
se ainda não sei;
procuro, me pergunto,
onde estou, e você?
Que me dizes?
Nada (...)
Aguardo em silêncio.
Recebo um silêncio
sorridente.
Parece que também
já não sei falar.
Troco um olhar duvidoso,
misto de ‘quero’
e ‘não quero’,
quando tudo o que
queria de verdade
era um sim,
e não um se.
Um afirmativo grandioso
e luminoso,
sonoro, gargalhante,
pra se rir nas horas vagas.
Porém, reconheço,
nunca toquei lá muito
bem minha flauta;
ela sempre
desafinou no si.
Como havia de querer...?
Resta o silêncio
aos que, como eu,
não aprenderam a tocar.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
DR
Palavra tola, pensamento que apaga
Fio desgarrado de idéias ilusórias
Alimenta a infâmia de chagas provisórias
Que versam em dor, no outro, em nada.
Carece de fim, por vezes de meio,
Ainda que alegue rigor de verdade,
Ignóbil teia de falsa humildade,
Não chega nem perto, mas acerta em cheio.
Eis que, em meio ao grande vazio,
Sem fé, nem razão, mistério ou delícia,
Arrasa sem dó, pois que o óbvio expõe
Ao versar sobre pouco, beirando o fastio,
Ignora a razão de que se faz milícia
E o óbvio, então, em claro se põe.
PS do soneto: (Camões se revirando no túmulo - o pobre.)
Na falta da métrica e proporção adequada,
Surge mais uma estrofe arredia,
Posto que a maldita DR, um dia,
Serviu-me mais do que a falta alegada!
Fio desgarrado de idéias ilusórias
Alimenta a infâmia de chagas provisórias
Que versam em dor, no outro, em nada.
Carece de fim, por vezes de meio,
Ainda que alegue rigor de verdade,
Ignóbil teia de falsa humildade,
Não chega nem perto, mas acerta em cheio.
Eis que, em meio ao grande vazio,
Sem fé, nem razão, mistério ou delícia,
Arrasa sem dó, pois que o óbvio expõe
Ao versar sobre pouco, beirando o fastio,
Ignora a razão de que se faz milícia
E o óbvio, então, em claro se põe.
PS do soneto: (Camões se revirando no túmulo - o pobre.)
Na falta da métrica e proporção adequada,
Surge mais uma estrofe arredia,
Posto que a maldita DR, um dia,
Serviu-me mais do que a falta alegada!
sábado, 29 de novembro de 2008
III. Rondó
Pele alva, lisa,
desliza, macia,
carícia, na minha
pele, na tua,
flutua, insinua
o beijo, o desejo,
ensejo de encontro,
tão longo que ponho
meu sonho com o teu.
Me enfronho
em teu sono,
pele alva, veludo,
tão logo desnudo
tua pele na minha,
tão alva, macia,
e aprecio
meu sonho,
compondo
a delícia
sem fim.
Sim.
Recomeço, o começo,
sem preço, o querer,
de te ter, o prazer
sem poder,
só entrega,
renega, macia,
a utopia, a idéia,
não nega o nome,
que some em
sussurro,
pois mudo,
eu transmuto
o som em soneto,
sem medo me dou
em um beijo
macio, arredio,
e então, se
vou, se me dou,
eu sou melodia,
um dia,
Enfim.
Pele alva, lisa,
desliza, macia,
carícia, na minha
pele, na tua,
flutua, insinua
o beijo, o desejo,
ensejo de encontro,
tão longo que ponho
meu sonho com o teu.
Me enfronho
em teu sono,
pele alva, veludo,
tão logo desnudo
tua pele na minha,
tão alva, macia,
e aprecio
meu sonho,
compondo
a delícia
sem fim.
Sim.
Recomeço, o começo,
sem preço, o querer,
de te ter, o prazer
sem poder,
só entrega,
renega, macia,
a utopia, a idéia,
não nega o nome,
que some em
sussurro,
pois mudo,
eu transmuto
o som em soneto,
sem medo me dou
em um beijo
macio, arredio,
e então, se
vou, se me dou,
eu sou melodia,
um dia,
Enfim.
Trilogia
Estes são três poemas que escrevi em diferentes momentos de um dia simples de trabalho. Pensei inicialmente em chamá-los de Trilogia das cores, pois evocavam diferentes cores, cada um com sua emoção; depois reconheci formas; por fim, música; e, finalmente, cheguei à conclusão a) que sou, definitivamente, visual e cinestésica; e b) que talvez fosse melhor deixar o título em aberto simplesmente como Trilogia, para deixar o leitor sentir o que lhe vier à cabeça, sem nenhum tipo de sugestão.
I. Espada
Corta, crua, a carne,
com teu corte tenaz,
encerra cruz, escárnio,
a morte que te satisfaz.
Leva, longe, que sabes
a crueza de que és capaz,
leva o tosco e a tormenta e
a dor que a ausência traz.
Causas incômodo, conquanto
mais conta de ti se dão
os corpos que tombam, tontos,
desafiados por teu quinhão.
Carrega-os; colhe e ceifa
a vida do tolo - Apaga
Em contínua e infame colheita
de almas desfeitas em nada.
I. Espada
Corta, crua, a carne,
com teu corte tenaz,
encerra cruz, escárnio,
a morte que te satisfaz.
Leva, longe, que sabes
a crueza de que és capaz,
leva o tosco e a tormenta e
a dor que a ausência traz.
Causas incômodo, conquanto
mais conta de ti se dão
os corpos que tombam, tontos,
desafiados por teu quinhão.
Carrega-os; colhe e ceifa
a vida do tolo - Apaga
Em contínua e infame colheita
de almas desfeitas em nada.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Children's tale I
Alice in Wonderland
Colourful gnomes pop up in the glow,
behind dancing daisies, displaying in a row
cheerfully around her, as a merry-go-round.
While soft spinning clouds blink from above
at her, little soul, pretending to know
all the answers to problems there might be to solve.
Then, lost in wonder, she gazes up in great awe,
to see her soul soar and then plummet to shore,
with loosened strings, she delightfully ignores
Any ties, any fears, any hopes or decay,
eyes wide open, in stillness - a smile on her face,
she suddenly sees all the wonders to embrace.
Was it a dream, a film, or a scene?,
nobody will ever know what it meant
nor how real her weird trip could ever have been,
'cause on her way home, to mom and her fare,
helped by the cat, the hatter and the hare,
she found Wonderland had always been there.
Colourful gnomes pop up in the glow,
behind dancing daisies, displaying in a row
cheerfully around her, as a merry-go-round.
While soft spinning clouds blink from above
at her, little soul, pretending to know
all the answers to problems there might be to solve.
Then, lost in wonder, she gazes up in great awe,
to see her soul soar and then plummet to shore,
with loosened strings, she delightfully ignores
Any ties, any fears, any hopes or decay,
eyes wide open, in stillness - a smile on her face,
she suddenly sees all the wonders to embrace.
Was it a dream, a film, or a scene?,
nobody will ever know what it meant
nor how real her weird trip could ever have been,
'cause on her way home, to mom and her fare,
helped by the cat, the hatter and the hare,
she found Wonderland had always been there.
C'alma
Calma.
Muita calma nessa hora.
Calma que a calmaria
chegou,
sem pressa...
Ainda bem.
Calmante,
ela chegou
serena,
insidiosa,
sem - quase -
ninguém perceber.
A Alma
acalmou.
Muita calma nessa hora.
Calma que a calmaria
chegou,
sem pressa...
Ainda bem.
Calmante,
ela chegou
serena,
insidiosa,
sem - quase -
ninguém perceber.
A Alma
acalmou.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Diálogo - versão II
(Ainda brigo com o blog. Quis melhorar a última versão, e, quando vi, estava fazendo uma nova postagem; que seja. Fica como nas pinturas e esculturas, variação de um mesmo tema...).
Meu arquétipo procurou o seu hoje pra trocar umas idéias. Disse que pras bandas de lá andava meio escuro, meio chuvoso, não sabia bem por onde andava a sombra dele, enfim...Na verdade, o seu estava mais era pra persona, vestido de toga, um grego poderoso!, e não deu muita bola, não, entretido que estava com um casalzinho que trocava beijos entusiasmados numa esquina qualquer. Depois de muito cutucá-lo, meu arquétipo perdeu a paciência: “Qual é? Vai continuar me ignorando?”. O outro arquétipo, então, se virou, tirou a linda máscara de porcelana que usava desde a última festa no Olimpo e disse, sério: “Pera lá, tenho mais o que fazer. Procuro uma razão, tanto quanto você”.
(...)
Meu arquétipo procurou o seu hoje pra trocar umas idéias. Disse que pras bandas de lá andava meio escuro, meio chuvoso, não sabia bem por onde andava a sombra dele, enfim...Na verdade, o seu estava mais era pra persona, vestido de toga, um grego poderoso!, e não deu muita bola, não, entretido que estava com um casalzinho que trocava beijos entusiasmados numa esquina qualquer. Depois de muito cutucá-lo, meu arquétipo perdeu a paciência: “Qual é? Vai continuar me ignorando?”. O outro arquétipo, então, se virou, tirou a linda máscara de porcelana que usava desde a última festa no Olimpo e disse, sério: “Pera lá, tenho mais o que fazer. Procuro uma razão, tanto quanto você”.
(...)
Diálogo
Meu arquétipo procurou o seu hoje pra trocar umas idéias. Disse que lá pra suas bandas andava meio escuro, meio chuvoso, não sabia bem por onde andava a sua sombra, enfim...Na verdade, o seu estava mais era pra persona, meio vestido de toga, um grego poderoso!, e não deu muita bola, não, entretido que estava com um casalzinho que trocava beijos entusiasmados numa esquina qualquer. Depois de muito cutucá-lo, meu arquétipo perdeu a paciência: “Qual é? Vai continuar me ignorando?”. Seu arquétipo, então, se virou, tirou a linda máscara de porcelana que usava desde a última festa no Olimpo e disse, na maior cara de pau: “Pera lá, tenho mais o que fazer. Procuro uma razão, tanto quanto você”.
(...)
(...)
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Final Act
Sorrio... Meu suspiro voltou. E meu suspiro vai poder ir comigo.
Veremos a pedra, o mar, a serra, o sol, a planta, a música, a letra, a peça, a travessa, a poesia.
Linda viagem!
Grandes pessoas.
Veremos a pedra, o mar, a serra, o sol, a planta, a música, a letra, a peça, a travessa, a poesia.
Linda viagem!
Grandes pessoas.
Réquiem ao último (falso) soneto
Aqui jaz um soneto, o derradeiro,
Aquele que nasce de uma dor recriada
Que parte ligeiro após breve parada
Na mente inquieta de um vôo primeiro.
Já vai tarde, nos dizem os sábios,
Pois que aqui não sabe o que faz;
Se propôs muito além do demais,
Quando a métrica feriu com seus lábios.
Contudo, se ainda conosco esteve,
A um propósito mais honrado servia
Pois que o mágico lhe trouxe ao plano.
Nobre ensaio, este algum mérito teve,
Pela dádiva única de total maestria
Com que fez do vazio um nada menos insano.
Aquele que nasce de uma dor recriada
Que parte ligeiro após breve parada
Na mente inquieta de um vôo primeiro.
Já vai tarde, nos dizem os sábios,
Pois que aqui não sabe o que faz;
Se propôs muito além do demais,
Quando a métrica feriu com seus lábios.
Contudo, se ainda conosco esteve,
A um propósito mais honrado servia
Pois que o mágico lhe trouxe ao plano.
Nobre ensaio, este algum mérito teve,
Pela dádiva única de total maestria
Com que fez do vazio um nada menos insano.
Ser poeta
Reafirmo: ser poeta não é para qualquer um! Que celeuma improdutiva. Tantos tentam, como eu, mas não são bons... apenas tentam... O que não diminui o esforço, menos ainda o prazer e a dor de tentar. Que se danem os democráticos: expressar o que vai à alma e expor-se não é tão fácil assim, nem deve ser banalizado. Ser poeta de verdade é olhar pra dentro, indagar-se, olhar para fora, admirar-se, reinventar o que já foi dito ou pensado, ter um novo olhar, surpreender-se, enfim, um exercício fascinante. Ou que seja na forma somente, exercício estético, quem se importa? Alguém discorda (disso também)?
domingo, 23 de novembro de 2008
Onde
Onde estão a leveza,
a brisa, a sutileza
que me acompanham?
Onde foi parar a harmonia
E o calor gentil
do sol do Arpoador?
Onde fui buscar
a fonte e a riqueza;
o Amor e a grandeza...
- Em fontes que me estranham?
- Ou em solo protetor...
Vou buscar inspiração
em embalos espirituais,
em contatos ancestrais,
em projetos ensaiados,
nos deveres encetados,
nas certezas já despidas,
na Nudez estremecida...
...ou em falso provedor?
Melhor seria, como tanto
procurar, meu breve encanto
para, então, seguir em frente...
E assim, mui gentilmente,
tornar à brisa e ao luar,
surgir num leve despertar...
E nunca mais eu sentir dor.
a brisa, a sutileza
que me acompanham?
Onde foi parar a harmonia
E o calor gentil
do sol do Arpoador?
Onde fui buscar
a fonte e a riqueza;
o Amor e a grandeza...
- Em fontes que me estranham?
- Ou em solo protetor...
Vou buscar inspiração
em embalos espirituais,
em contatos ancestrais,
em projetos ensaiados,
nos deveres encetados,
nas certezas já despidas,
na Nudez estremecida...
...ou em falso provedor?
Melhor seria, como tanto
procurar, meu breve encanto
para, então, seguir em frente...
E assim, mui gentilmente,
tornar à brisa e ao luar,
surgir num leve despertar...
E nunca mais eu sentir dor.
Sobre o saber
No vazio que não sou
propus não te saber
como saber se ainda não sei
pouco do que devera ser?
Sem saber o que te dou
dou-te um nonsense qualquer
sem sentido, sem querer
faço-te injusto não saber.
Sinto, pois, se não lhe vou
desculpe-me a falta de saber
pois imperfeito, faz-me crer
sou também, e todo o ser.
propus não te saber
como saber se ainda não sei
pouco do que devera ser?
Sem saber o que te dou
dou-te um nonsense qualquer
sem sentido, sem querer
faço-te injusto não saber.
Sinto, pois, se não lhe vou
desculpe-me a falta de saber
pois imperfeito, faz-me crer
sou também, e todo o ser.
Just wa(o)ndering
Viajando por aí em pensamento, passei por uns lugares mais lindos, janelas de mim mesma que eu não conhecia... lindas perspectivas do vir a ser, do que sou e já fui. Mas encontrei umas pedrinhas que pediram para serem jogadas fora, pois estavam no caminho; estas que são piores do que cutão, a gente não vê e pisa e ah! como dói, dá vontade de xingar as últimas gerações de quem inventou o reino mineral.
Pois bem:
Pedra minúscula: Và à M!!!! por todas as vezes e a todos que quis dizer e não disse, quando quis (me) proteger (de) algo que nunca precisou ser protegido (talvez apenas de mim mesma?!);
Pedra maior: porque não sei o que te vai à alma? ler hieroglifos, tarô ou runas provavelmente não me traria as respostas... e como se fosse preciso ou bom saber, provavelmente não, mas isso eu também não sei;
Grande, grande pedra: porque também não foi você mesma? aha! essa culpa de ter sido talvez tão desejosa de perfeição, imperfeita vaidade... No fundo não somos todos tão diferentes, apenas espectros de um raio de luz em diferentes vibrações. (Muito legal essa teoria das cores).
Pedra maior de todas, quase obstáculo intransponível: é tão simples dizer não? (...)
Olho pela janela, vejo a cena e penso que não é preciso encontrar a resposta.
Pois bem:
Pedra minúscula: Và à M!!!! por todas as vezes e a todos que quis dizer e não disse, quando quis (me) proteger (de) algo que nunca precisou ser protegido (talvez apenas de mim mesma?!);
Pedra maior: porque não sei o que te vai à alma? ler hieroglifos, tarô ou runas provavelmente não me traria as respostas... e como se fosse preciso ou bom saber, provavelmente não, mas isso eu também não sei;
Grande, grande pedra: porque também não foi você mesma? aha! essa culpa de ter sido talvez tão desejosa de perfeição, imperfeita vaidade... No fundo não somos todos tão diferentes, apenas espectros de um raio de luz em diferentes vibrações. (Muito legal essa teoria das cores).
Pedra maior de todas, quase obstáculo intransponível: é tão simples dizer não? (...)
Olho pela janela, vejo a cena e penso que não é preciso encontrar a resposta.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Vôo
Meu suspiro nas nuvens se perdeu
levado em brisa fresca, na leveza
do alto azul, foi imerso em grandeza...
Lindo, longe, lentamente se deu.
Mas o sonho não era, sonhado fora,
e já não lhe tinha!, pensava então.
Sincero, sensato, em plena razão
Ouviu em seu tempo a voz vindoura.
Ouviu-a, tomou-a, sentiu-a ferir,
Vivendo o momento e a dor de então,
Ora sim, ora não - eram só nuvens...
Limpou, então, de si as ferrugens
Abriu-se ao mundo sem breve senão -
O suspiro partiu em busca de si.
levado em brisa fresca, na leveza
do alto azul, foi imerso em grandeza...
Lindo, longe, lentamente se deu.
Mas o sonho não era, sonhado fora,
e já não lhe tinha!, pensava então.
Sincero, sensato, em plena razão
Ouviu em seu tempo a voz vindoura.
Ouviu-a, tomou-a, sentiu-a ferir,
Vivendo o momento e a dor de então,
Ora sim, ora não - eram só nuvens...
Limpou, então, de si as ferrugens
Abriu-se ao mundo sem breve senão -
O suspiro partiu em busca de si.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Tempo
Tá passando. acho que vou conseguir acordar.
pena que essa chuva não passa...
vou dar um tempo de mim mesma agora, e descansar...
pena que essa chuva não passa...
vou dar um tempo de mim mesma agora, e descansar...
Sono (II)
Já é madrugada e não consigo dormir. Meus pensamentos estão meio em desordem... emoções em desordem, faxina total. uau, é estranho, como se pode perder assim tão fácil, eu que acreditava tanto no poder da calmaria. nada como um bom cansaço para quebrar paradigmas... o mais próximo que cheguei das bolinhas (!). bom, ainda espero que ela venha depois da tempestade, quando então poderei ver os estragos e avaliar os consertos. aos queridos, portanto, paciência... coisas grandes estão por vir. grandes não; espero, simplesmente boas.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Sono
Cansei.
Simplesmente cansei.
Cansei de tentar,
de me abrir,
me entregar,
de mexer em feridas.
Cansei.
Sou flor meio frágil
para tamanho exercício.
talvez,
por não ser da mesma espécie,
por não ter 'poeta' impresso em mim,
como um brinquedo made in china,
talvez por isso
eu fique me debatendo,
num exercício torturante
e sem chão.
Eu não mereço.
Sempre procurei o sol.
Sempre busquei a verdade,
mesmo que tantas vezes tenha sido incapaz
de dizê-la plenamente
por pura falta de coragem.
Mas eu fui real,
senti de verdade,
me entreguei em minha incoerência.
não tive restrições ou limites.
totalmente aberta.
me transformei, também.
É, mas agora, ah, eu cansei pra valer.
Que pena.
Queria que o sol tivesse
brilhado mais tempo.
Em vez dessa chuva,
droga,
que mais do que nunca,
escorre fria.
Mas o verão vem por aí.
Os poetas continuam com seus amores,
com suas buscas,
e suas dores.
Quanto a mim,
vou limpar cada lágrima,
equilibrar cada dúvida,
e me botar de pé de novo.
Simplesmente cansei.
Cansei de tentar,
de me abrir,
me entregar,
de mexer em feridas.
Cansei.
Sou flor meio frágil
para tamanho exercício.
talvez,
por não ser da mesma espécie,
por não ter 'poeta' impresso em mim,
como um brinquedo made in china,
talvez por isso
eu fique me debatendo,
num exercício torturante
e sem chão.
Eu não mereço.
Sempre procurei o sol.
Sempre busquei a verdade,
mesmo que tantas vezes tenha sido incapaz
de dizê-la plenamente
por pura falta de coragem.
Mas eu fui real,
senti de verdade,
me entreguei em minha incoerência.
não tive restrições ou limites.
totalmente aberta.
me transformei, também.
É, mas agora, ah, eu cansei pra valer.
Que pena.
Queria que o sol tivesse
brilhado mais tempo.
Em vez dessa chuva,
droga,
que mais do que nunca,
escorre fria.
Mas o verão vem por aí.
Os poetas continuam com seus amores,
com suas buscas,
e suas dores.
Quanto a mim,
vou limpar cada lágrima,
equilibrar cada dúvida,
e me botar de pé de novo.
Flor
Últimos pensamentos do dia, por uma idéia que ouvi:
- Amor não se toma; se entrega.
E é encontro, posto que não pode ser preso.
Acrescento ainda:
-Sofrimento é parte e não fim.
Ahh...cansei por hoje.
Mas... que alívio.
- Amor não se toma; se entrega.
E é encontro, posto que não pode ser preso.
Acrescento ainda:
-Sofrimento é parte e não fim.
Ahh...cansei por hoje.
Mas... que alívio.
Gabi
Conheci a Gabi não faz muito tempo, há uns 8 meses, eu acho. De cara eu gostei dela: descolada, segura, desse tipo que não tá nem aí pro que você acha ou deixa de achar... Nem é tão bonita assim, mas nem precisa; seu charme implacável não deixa pedra sobre pedra. Ou pelo menos assim me parece; quando ela anda na rua, não tem pra ninguém (muito menos pra mim...). É meio punk ser amiga de uma pessoa assim, tão resolvida, mas enfim, nós, reles mortais, precisamos de uma inspiração de vez em quando... Pois é. Ela sumiu, faz um tempo que não a vejo, tô com saudade, será que ela tá bem?
Pois eu não.
Tô precisando de você, amiga.
Aparece no meu espelho quando tiver um tempinho.
Pois eu não.
Tô precisando de você, amiga.
Aparece no meu espelho quando tiver um tempinho.
Coisas pra (não) dizer a um amor
Dias delirantes, mente inquieta - cansa!...
Talvez eu me sentisse insuficiente pra você,
mas me vi boa pra mim -
assim mesmo, sem saber exatamente como.
Portanto, não tenha medo de se decepcionar,
ou de me decepcionar,
pois isso já não cabe mais.
Somos dois perdidos simplesmente à procura.
Se nos achamos,
que bom!, ou não; pois
em nos perdermos é que nos encontramos.
Aliás, costumo perder o meu eixo
no Teu.
Ironicamente, é numa reta meio curva
que termina em mim,
cordinha boba,
onde encontro o caminho de volta.
Também pudera.
Bom, há outros detalhes...
Meu estar é meio “instar”,
mas sou assim mesmo,
feita de material corruptível,
e talvez seja esse um pouco do meu
charme ensolarado.
Eu também vôo demais,
geralmente na maionese,
mas às vezes por lugares
irresistivelmente
fantásticos...
Flores de chocolate nos meus sonhos,
beijos de chocolate nos meus dias.
Hmmmm.
Ah, é: dá pra ver
sou meio chocólatra...
ninguém é perfeito.
(Só o chocolate suíço,
Ou, melhor, o suíço que fez o primeiro chocolate.
Grande pessoa.)
Impressiona como sou bem simples
pra entender algumas coisas
E totalmente obtusa pra outras.
(Tst tsc.)
Mas veja bem: sou talentosa com as mãos
(sem trocadilhos aqui),
sei cozinhar algumas coisinhas,
meu QI é bem razoável,
E não tenho a menor vergonha de dizer que te amo.
Talvez eu me sentisse insuficiente pra você,
mas me vi boa pra mim -
assim mesmo, sem saber exatamente como.
Portanto, não tenha medo de se decepcionar,
ou de me decepcionar,
pois isso já não cabe mais.
Somos dois perdidos simplesmente à procura.
Se nos achamos,
que bom!, ou não; pois
em nos perdermos é que nos encontramos.
Aliás, costumo perder o meu eixo
no Teu.
Ironicamente, é numa reta meio curva
que termina em mim,
cordinha boba,
onde encontro o caminho de volta.
Também pudera.
Bom, há outros detalhes...
Meu estar é meio “instar”,
mas sou assim mesmo,
feita de material corruptível,
e talvez seja esse um pouco do meu
charme ensolarado.
Eu também vôo demais,
geralmente na maionese,
mas às vezes por lugares
irresistivelmente
fantásticos...
Flores de chocolate nos meus sonhos,
beijos de chocolate nos meus dias.
Hmmmm.
Ah, é: dá pra ver
sou meio chocólatra...
ninguém é perfeito.
(Só o chocolate suíço,
Ou, melhor, o suíço que fez o primeiro chocolate.
Grande pessoa.)
Impressiona como sou bem simples
pra entender algumas coisas
E totalmente obtusa pra outras.
(Tst tsc.)
Mas veja bem: sou talentosa com as mãos
(sem trocadilhos aqui),
sei cozinhar algumas coisinhas,
meu QI é bem razoável,
E não tenho a menor vergonha de dizer que te amo.
sobre o morrer
Que dramático... morrer, suprimir, deletar, esvaziar, apagar, refazer?, não ser. Não creio que se possa, pelo menos voluntariamente; que fosse ao menos simbólico... morrer de vergonha, morrer de amor, morrer de ciúme, morrer de rir. Há várias formas de morrer, creio, todas elas puramente fantasiosas, inacreditavelmente reais pra mim. Como se eu tivesse escolha. Talvez?
sobre o matar
Oi, agora, nesse exato instante, estou te matando com palavras. não pode ser de outro jeito. não posso te atingir porque não te conheço, mas te conheço tanto e tão de perto que você me aborrece. te matei agora, do jeito que eu consegui, e morrendo de vergonha. preciso de sol. morri um pouco agora.
Procura
Verdade, que dirá de mim, tão pobre
ser que te vislumbra ao longe, irreal
Por menos lutaria causa nobre
Pudera eu, por fim, ser-te leal.
Pois ao te procurar, em mim, ou fora
Responde-me, com clara e alta voz
‘Como desejas buscar-me, se agora
acabas de ferir-me em ato atroz?’
Triste, sigo o traço tênue que resta
Àquele cuja falta triste faz,
Vazia sigo, só, sem despertar.
Esperança há que um dia, uma fresta
de fresca brisa, lampejo fugaz
há de guiar-me em fiel caminhar.
ser que te vislumbra ao longe, irreal
Por menos lutaria causa nobre
Pudera eu, por fim, ser-te leal.
Pois ao te procurar, em mim, ou fora
Responde-me, com clara e alta voz
‘Como desejas buscar-me, se agora
acabas de ferir-me em ato atroz?’
Triste, sigo o traço tênue que resta
Àquele cuja falta triste faz,
Vazia sigo, só, sem despertar.
Esperança há que um dia, uma fresta
de fresca brisa, lampejo fugaz
há de guiar-me em fiel caminhar.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Coisas pra se ouvir ao pé do ouvido
(Sugestões meramente pessoais; nenhum resultado garantido. )
Ah, como você é doce! - sem se referir, necessariamente, à personalidade do objeto do comentário.
Lovesupremelovesupremelovesupremelovesupreme... feito mantra, ao som do John Coltrane em delírio.
'Après tout, pourquoi pas?' pois nada melhor do que pensar assim para não ter que pensar mais em nada.
Girantes
Em noite qualquer, de um beijo singelo
nascia o grão de um desejo impensado
Ressurgido na crença no sim e no belo
no amar sem não, sem se, sem enfado.
Arfantes amantes, corpos girantes
na busca, seguem em sôfrega entrega
Se dão e se vão, se deixam instantes,
e voltam; e assim, se amam sem trégua.
Giram loucos, irrestritos, sem tempo
ou espaço, tal o laço da força que os une,
do beijo doce à suprema carícia.
Deslizam, eles dançam em delícia,
e ardentes, por fim alcançam o cume;
Largando-se, então, em puro contento.
nascia o grão de um desejo impensado
Ressurgido na crença no sim e no belo
no amar sem não, sem se, sem enfado.
Arfantes amantes, corpos girantes
na busca, seguem em sôfrega entrega
Se dão e se vão, se deixam instantes,
e voltam; e assim, se amam sem trégua.
Giram loucos, irrestritos, sem tempo
ou espaço, tal o laço da força que os une,
do beijo doce à suprema carícia.
Deslizam, eles dançam em delícia,
e ardentes, por fim alcançam o cume;
Largando-se, então, em puro contento.
Poemas de amor
Li poemas irados hoje, sobre amores perdidos e nunca achados, idealizados, alguns vividos, outros cheios de possibilidades passadas. Tristes, cruéis mesmo, mas lindos. Será que sofrer por amor é uma necessidade da alma humana? Sei lá. Não quero sofrer... mas sofro... e gosto... de amar.
domingo, 16 de novembro de 2008
A nós dois
(Algumas vezes falei mal dos 'poemas reativos'. cuspi pra cima... eles podem ser tão verdadeiros.)
Era uma vez um casal que se amava,
jovens ingênuos se davam inteiros,
Amavam o amor - o alvo primeiro,
E, assim, o que a vida a eles traçava.
Amavam-se muito, de beijo, de alma,
Nada temiam, em meio ao lençol,
E riam acolhidos na pedra do sol,
Mantinham-se, assim, unidos na calma.
Até que a vida lhes desfez a teia
E o laço que unia grilhão se tornou
Feridos, sofreram a dor do querer
Contudo, o riso e o amor que o permeia,
qual sol que no alto da pedra brilhou,
Lhes trouxe a beleza do transcender.
Era uma vez um casal que se amava,
jovens ingênuos se davam inteiros,
Amavam o amor - o alvo primeiro,
E, assim, o que a vida a eles traçava.
Amavam-se muito, de beijo, de alma,
Nada temiam, em meio ao lençol,
E riam acolhidos na pedra do sol,
Mantinham-se, assim, unidos na calma.
Até que a vida lhes desfez a teia
E o laço que unia grilhão se tornou
Feridos, sofreram a dor do querer
Contudo, o riso e o amor que o permeia,
qual sol que no alto da pedra brilhou,
Lhes trouxe a beleza do transcender.
Preciso enfrentar os meus cupins
Deu cupim na minha casa. De novo. Aliás, é a terceira vez; numa casa antiga, há alguns anos, também tinha dado cupim - um nojo só.
Bichinhos sórdidos, infames, esses - apropriam-se da propriedade alheia na maior cara de pau. Eu não os convidei, não gosto deles, me causam pesadelos, mas bof! - não saem de lá, não largam o osso. pensei se eles não são uma alegoria de mim mesma... trago os meus cupins comigo, pra onde eu vou. E eles me comem por dentro, aquilo que não quero nem permito, mas que não sai de lá, meus medos e minhas máscaras... se entranham e emergem vez por outra, ah esses cupins da alma, acho que esses são ainda piores. Ontem eu resolvi: vou enfrentar os meus cupins. Mais uma vez.
Bichinhos sórdidos, infames, esses - apropriam-se da propriedade alheia na maior cara de pau. Eu não os convidei, não gosto deles, me causam pesadelos, mas bof! - não saem de lá, não largam o osso. pensei se eles não são uma alegoria de mim mesma... trago os meus cupins comigo, pra onde eu vou. E eles me comem por dentro, aquilo que não quero nem permito, mas que não sai de lá, meus medos e minhas máscaras... se entranham e emergem vez por outra, ah esses cupins da alma, acho que esses são ainda piores. Ontem eu resolvi: vou enfrentar os meus cupins. Mais uma vez.
A poesia em mim
Um dia achei que não tinha poesia em mim.
Um vazio atroz, uma falta de insight,
Um achar que se é,
Sem nada ser.
Achava que sabia sentir.
Bobagem.
Só achava que sabia,
Como sempre que acho que sei tudo,
Como se saber qualquer coisa
Pudesse me definir.
Eu não sei de nada.
Não sei o que vai dentro de mim,
ou de você,
nem quero mais saber,
isso não mais importa,
se chove sob (mim) ou sobre você,
pra mim tanto faz
sinto apenas que chove,
chove!!!!,
escorre, fria,
esvazia...
me toca. me transforma.
O resto, apenas interpreto,
ou tento entender.
Ilusão!!!!! Vã ilusão!!!!
Pra quê entender?
Não basta sentir?
Queria ter sido mais humilde e ter apenas
sentido mais e pensado menos.
Sentir com desapego,
Sentir fundo,
Sem regras,
fórmulas
ou intenções dissimuladas,
sentir e se admirar do sentir
mesmo sem um objeto.
Sentir pode ser intransitivo – apenas sentir...
(vaga lembrança... sorriso...
Linda idéia que também nunca foi minha.)
Acho que isso é o mais próximo
Que sinto, agora,
da poesia que há em mim.
Um vazio atroz, uma falta de insight,
Um achar que se é,
Sem nada ser.
Achava que sabia sentir.
Bobagem.
Só achava que sabia,
Como sempre que acho que sei tudo,
Como se saber qualquer coisa
Pudesse me definir.
Eu não sei de nada.
Não sei o que vai dentro de mim,
ou de você,
nem quero mais saber,
isso não mais importa,
se chove sob (mim) ou sobre você,
pra mim tanto faz
sinto apenas que chove,
chove!!!!,
escorre, fria,
esvazia...
me toca. me transforma.
O resto, apenas interpreto,
ou tento entender.
Ilusão!!!!! Vã ilusão!!!!
Pra quê entender?
Não basta sentir?
Queria ter sido mais humilde e ter apenas
sentido mais e pensado menos.
Sentir com desapego,
Sentir fundo,
Sem regras,
fórmulas
ou intenções dissimuladas,
sentir e se admirar do sentir
mesmo sem um objeto.
Sentir pode ser intransitivo – apenas sentir...
(vaga lembrança... sorriso...
Linda idéia que também nunca foi minha.)
Acho que isso é o mais próximo
Que sinto, agora,
da poesia que há em mim.
sábado, 15 de novembro de 2008
Cerração
Surgiu da névoa, pós-período de sombra
uma nesga de sol, qual cerração na montanha
Perspontando suave, brilhando, tamanha
Dor – apagada, que no brilho remonta.
Suspiro que assume forma de nuvem,
Brincando criança em suaves matizes
Cerúleas, magenta, traços felizes,
Repletos que são da esperança que nutrem.
Delicada terra fecunda o acolhe
Enquanto adormece à luz do infinito
O suspiro o embala e seduz; a beleza
Renova a terra, e da planta colhe
O fruto do amor outrora cativo
Que transforma em força o que era tristeza.
uma nesga de sol, qual cerração na montanha
Perspontando suave, brilhando, tamanha
Dor – apagada, que no brilho remonta.
Suspiro que assume forma de nuvem,
Brincando criança em suaves matizes
Cerúleas, magenta, traços felizes,
Repletos que são da esperança que nutrem.
Delicada terra fecunda o acolhe
Enquanto adormece à luz do infinito
O suspiro o embala e seduz; a beleza
Renova a terra, e da planta colhe
O fruto do amor outrora cativo
Que transforma em força o que era tristeza.
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